O ex-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Antonio Ademir Stroski, é um dos investigados na operação Arquimedes, deflagrada na última quinta-feira, dia 25, pela Polícia Federal, que desarticulou esquema de corrupção responsável por extração ilegal de madeira na floresta amazônica.
A prisão preventiva de Stroski foi pedida pelo Ministério Público Federal (MPF), mas a Justiça indeferiu. As informações foram confirmadas pelo procurador da República, Leonardo Galiano, em entrevista coletiva nesta sexta-feira, dia 3, na sede do MPF.
Nesta mesma operação, o ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas, Leland Barroso, foi preso e sua casa alvo de mandado de busca e apreensão.
“As razões [para o pedido de prisão de Stroski] estão devidamente elencadas na manifestação à Justiça. O deferimento ou indeferimento do pedido de prisão não implica em qualquer tipo de presunção de culpa. […] Alguns alvos possuem cerca de 40 fatos autônomos, então sã0 40 ações penais em potencial, e as outras que podem vir a surgir, além de colaborações premiadas”, disse Galiano.
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O órgão também apresentou ação civil pública contra a empresa de exploração e comércio de madeira Amata S/A e seus sócios-administradores, pela prática de graves danos ambientais à floresta amazônica brasileira revelados ainda na primeira fase da operação Arquimedes, realizada em dezembro de 2017, com o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas e da Receita Federal.
A ação pede o bloqueio imediato, como medida cautelar necessária para garantir eventual condenação de ressarcimento dos danos causados, de R$ 47,3 milhões em bens e valores da empresa e seus sócios, além de pelo menos R$ 10 milhões a título de dano moral coletivo.
Alerta incomum
A operação Arquimedes foi iniciada a partir de alerta emitido pela Receita Federal e Ibama, em 2017, ao verificar aumento incomum do trânsito de madeira pelo Porto Chibatão.
A segunda fase da operação foi deflagrada no último dia 25, com o cumprimento de 29 mandados de prisão e 109 mandados de busca e apreensão, e vem sendo desenvolvida em duas principais frentes de investigação criminal: a primeira, sobre a extração, exploração e comércio ilegais de madeira – diretamente relacionada à primeira fase da operação, e, a segunda, sobre a corrupção entre servidores de órgão ambiental estadual, engenheiros ambientais, detentores de planos de manejo e proprietários de empresas madeireiras.
A operação já apreendeu, em dezembro de 2017, mais de 400 contêineres no porto em Manaus, contendo aproximadamente 8.000 m³ de madeira em tora com documentação irregular, que pertenciam a mais de 60 empresas de madeira.
A madeira tinha como destino o mercado doméstico e internacional, sendo 140 contêineres destinados à exportação para países da Europa, Ásia e América do Norte.
Os investigados responderão, dentro das suas condutas, pelos crimes de falsidade ideológica no sistema DOF, falsidade documental nos processos de concessão e fiscalização de PMFS (Plano de Manejo Florestal Sustentável), extração e comércio ilegal de madeira, lavagem de bens, direitos e valores, corrupção ativa e passiva e de constituição de organização criminosa.
Foto: BNC