Em entrevista ao programa “Manhã de Notícias”, do jornalista Ronaldo Tiradentes, neste dia 17 de fevereiro (segunda-feira), o ex-governador do Amazonas José Melo externou a mágoa que guarda há anos do senador Eduardo Braga (MDB).
Braga foi o autor da ação que culminou com a cassação do mandato de Melo em 2017, como vingança por ter sido derrotado na eleição de 2014.
Para o político de 78 anos, o senador não merece estar aonde chegou e representa um político prejudicial ao Amazonas.
Na sua fala, ele relembrou sua cassação e responsabilizou Braga pela articulação que o tirou do cargo.
“Eduardo tem sorte. A pior coisa que este estado [Amazonas] já recebeu, ele veio do Pará para cá. Ele assumiu compromisso comigo de ajudar na minha eleição [em 2014], e ao contrário, veio contra mim. Não satisfeito, inventou a tal da Nair Blair e acabou me cassando”.
Melo, antes de ser governador em 2014, vencendo justamente Braga, depois de ter sido vice de Omar Aziz [2010-2014], foi o principal secretário de dois mandatos de Braga.
Como tal, era detentor de muito poder e prestígio no governo. Nesse meio tempo, acabou casando com Edilene Gomes, secretária-chefe do gabinete de Braga.
Indagado sobre ter ficado calado todo esse tempo após sua cassação, Melo disse que ele e sua mulher, “para a sorte de Braga”, não têm natureza de “dedo-duro”.
“Nem ela [Edilene] e nem eu temos sentimento de vingança”.
Dessa forma, Melo pode ter deixado transparecer que ele e sua mulher sabem de segredos de Braga ainda não revelados. Afinal, foram décadas de convivência.
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Milionário e ficha-limpa
Um desses segredos pode ser sobre a origem da fortuna que Braga juntou desde sua passagem pelo governo.
Conforme seu ex-braço direito, Braga e sua família viviam situação de falência dos negócios no ramo de venda de tratores até 2003. Nesse ano Braga foi eleito governador.
“Ele foi prefeito de Manaus, governador e senador da República. Com salário de prefeito de Manaus, governador e senador da República, ele é, segundo relatório do Congresso Nacional, o quarto homem mais rico do Senado”, disse Melo.
Braga foi eleito ao Senado em 2011, onde está desde então.
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‘Um homem de sorte’
Conforme Melo, Braga é um político de sorte.
Primeiramente, por ter saído ileso até no STF de várias acusações de corrupção, notadamente na operação Lava Jato, quando foi delatado por executivos de empreiteiras.
Recentemente, Braga declarou ser “ficha-limpíssima”.
Para Melo, o político não merece esse título.
“Não tem como ser ficha limpa; ele é um homem de sorte. O Amazonas não merece continuar com essa representatividade”.
Melo, contudo, especulou que essa sorte tem data para acabar: 2026. Segundo ele, Braga não se reelege senador.
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Futuro governador
O ex-governador também comentou sobre a corrida pelo Governo do Amazonas em 2026.
De acordo com sua avaliação, só dois nomes hoje têm condições de se eleger: o senador Omar Aziz (PSD) e o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante).
Para Melo, ambos possuem experiência administrativa, mas faz uma ressalva: têm que apresentar propostas concretas ao eleitor.
“Política acontece tudo. Mas, dois fortes candidatos são David e Omar. Fora deles, não vejo mais ninguém com capacidade”.
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Futuro na política
Sobre o cenário político-eleitoral destes tempos, Melo afirmou que ideias e propostas não são suficientes para vencer uma eleição.
Segundo ele, para ganhar uma eleição hoje, tem que ter dinheiro.
“Sair pra uma campanha política falando de ideias, que vai resolver problemas futuros do estado, você tá morto. Pegue R$ 50, 60, 70, 100 milhões no bolso, e tá eleito”.
Quanto ao seu futuro na política, Melo afirmou que não pretende concorrer mais a um cargo eletivo, embora ainda se considere com muito conhecimento para contribuir.
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Quanto ao orçamento anual do Amazonas de R$ 31 bilhões, Melo disse que vê avanços na saúde nos dois mandatos de Wilson Lima.
“Estou vendo as movimentações internas no sentido de um trabalho muito forte na saúde”.
Neste dia 17, o governador lançou um novo sistema de marcação de consultas e exames que promete aposentar o ineficiente Sisreg.
Reveja a entrevista :
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Foto: reprodução/vídeo