O presidente da Assembleia Legislativa (ALE-AM), deputado Josué Neto (PSD), abriu mão de responder nesta terça, dia 10, pelo cargo de governador em exercício para comandar a pauta de votações na casa.
O declínio do posto, porém, teria como objetivo operar uma manobra de interesse da oposição sobre três projetos encaminhados pelo governo: reforma da previdência do estado, recuperação de autos de infração da Petrobrás no valor de R$ 240 milhões e autorização de tomada de empréstimo de R$ 250 milhões no Banco Mundial.
Josué Neto responderia pela chefia do Executivo porque os dois primeiros titulares da linha sucessória, o governador Wilson Lima (PSC), em viagem à Espanha, e o vice, Carlos Almeida Filho (PRTB), em Brasília para acompanhar a votação do projeto de mudanças na Lei de Informática, estavam por isso impedidos.
Antes do início da ordem do dia na ALE-AM, em reunião do poder, parlamentares governistas acusavam o presidente de estar agindo nos bastidores.
Na ocasião, quem presidia os trabalhos da casa era a deputada Alessandra Campelo (MDB). Josué Neto conversava em uma sala da ALE-AM.
Segundo os deputados da base aliada, o presidente não poderia estar ali porque estava como chefe do poder Executivo.
Em resposta, receberam informação de que ele havia declinado do posto, abrindo a linha sucessória para o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), Yedo Simões.
No começo da tarde, após um intervalo nos trabalhos da casa, Josué Neto assumiu a presidência da mesa diretora e Alessandra voltou para sua cadeira, no plenário.
O BNC Amazonas ouviu Josué Neto sobre a suposta manobra apontada por parlamentares governistas.
Ele respondeu assim:
“Até onde eu sei, os projetos estão tramitando normalmente”.
Sobre declinar de assumir o cargo de governador, afirmou:
“Tomei a decisão com toda a responsabilidade que me cabe, e que tenho historicamente”.
Racha
Nos bastidores do poder, a decisão tomada hoje por Josué Neto é considerada um racha do presidente da ALE-AM com o governo Wilson Lima.
Analisam esses políticos que ele deve ficar isolado com a já reduzida ala de oposição ao governo na assembleia.
Como prova disso, apontam a votação de hoje da reforma da previdência. O placar foi de goleada, com 18 votos favoráveis e apenas 3 contra.
Na casa, parlamentares da base do governo já falam em reação a Josué Neto.
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Foto: Divulgação/ALE-AM