Por Israel Conte , da Redação
Em entrevista exclusiva ao BNC Amazonas em seu gabinete, nesta terça-feira, dia 6, o prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), prevê dias difíceis no início do mandato do governador eleito Wilson Lima (PSC).
“A lua de mel acaba assim que ele assumir”, disse o chefe do Executivo municipal referindo-se ao legado de “armações”, segundo ele, que o atual governador Amazonino Mendes (PDT) deixará para o sucessor.
“Wilson vai ficar espantado com a fila que vai se formar na porta dele logo após a sua posse. Vai receber uma situação fiscal devastadora, […] assumir um monte de compromissos vencidos, […] obras inacabadas abertas desnecessariamente e o calote que ele [Amazonino] está dando nas pessoas”, afirmou Arthur.
Insolvência
Um relatório divulgado hoje pelo Tesouro Nacional dá mais peso às afirmações do prefeito de Manaus.
O estudo inclui o Amazonas entre os estados à beira da insolvência, ou seja, alcançou o limite máximo de comprometimento de suas receitas com o pagamento de folha de pessoal e pode estar com dificuldades para cumprir outras obrigações financeiras do governo que se encerra em menos de dois meses.
Arthur também demonstrou preocupação sobre como será a transição entre os governos.
“Não sei que transição o Amazonino vai mostrar pra ele [Wilson]. Não sei se ele vai ter coragem de mostrar o buraco nas contas públicas”.
E apelou:
“[Amazonino] abra o jogo, faça uma verdadeira transição. Não escamoteie dados, deixe o rapaz conhecer a realidade”.
Sem ressentimentos
A precaução que Arthur tem com o governador eleito revela que ele não guardou ressentimentos dos quase seis anos de críticas que Wilson fez à prefeitura quando apresentava programa na TV.
“Tenho um conhecimento mais do que superficial sobre ele. Esse rapaz me criticou durante quase seis anos no programa dele. Primeiro, que eu sabia que não era iniciativa dele, e, segundo, eu não estava nem aí. Ele criticou, tá no direito dele. Nunca me chamou para ter um direito de resposta. Errou! Agora ele é o governador. A gente goste ou não goste, a gente queira ou não queira. E como tal deve ser respeitado”, disse.
Arthur reiterou ainda a disposição de trabalhar em parceria com o Governo do Estado.
“Vamos precisar trabalhar juntos. E mais: o Wilson tem que saber que ação conjunta é uma coisa obrigatória, não depende da vontade dele. Vamos ser bem claros. […] Quem vira as costas pra Manaus quebra a cara. Foi assim com o Melo, foi assim com o Amazonino. O rapaz vai enfrentar uma cidade com 1,2 milhão de habitantes politizados. Uma cidade que deu a ele um voto de confiança sem o conhecer. Então, é óbvio que ele vai fazer ação conjunta comigo. Ele não está me fazendo favor, minha situação financeira é bem melhor do que o estado que ele vai governar”, disse.
Foto: Israel Conte/BNC Amazonas