A deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), contestou nesta segunda-feira (16/12) o programa Fantástico, da TV Globo, por corrigir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao direito de defesa no caso do tríplex do Guarujá. A informação foi divulgada pelo portal Poder360 .
Durante a entrevista, concedida logo após Lula receber alta do Hospital Sírio-Libanês, a repórter Sônia Bridi abordou a recente prisão do general Walter Braga Netto, ex-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL), sob suspeita de envolvimento em planos de golpe de Estado e assassinato de autoridades. Lula defendeu o direito à “presunção de inocência” para Braga Netto, comparando a situação à sua própria prisão em 2018.
“Eu defendo que eles tenham a presunção de inocência que eu não tive. Eu quero que eles tenham todo o direito de defesa. Mas se for verdade as acusações, essa gente tem que ser punida severamente pra que sirva de exemplo ao Brasil”, declarou Lula.
Em resposta, a jornalista questionou o presidente sobre sua declaração, destacando que ele teve participação em todas as etapas do julgamento. Lula rebateu: “Veja, eu não tive direito de defesa. Eu fui preso primeiro, mas depois eu me defendi.”
O Fantástico, então, fez uma correção ao vivo, afirmando que a defesa do ex-presidente participou de todas as fases do processo envolvendo o caso do tríplex no Guarujá.
“Quando o presidente Lula foi preso em 2018, no caso da cobertura no Guarujá, houve participação da defesa dele em todas as etapas do julgamento. Na época, o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) era de que condenados em 2ª instância poderiam ser presos. Esse entendimento mudou em 2019. A prisão voltou a ser apenas depois do processo transitado em julgado. E o presidente foi solto”, destacou a emissora.
Diante da retificação, Gleisi Hoffmann reagiu, criticando a TV Globo e argumentando que, durante o julgamento, o então juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) negou pedidos de perícias e produção de provas, o que, segundo ela, teria comprometido o direito de defesa de Lula.
A crítica de Gleisi ecoa um discurso recorrente entre aliados do presidente, que questionam a imparcialidade do julgamento e as ações de Moro durante a operação Lava Jato, que resultou na condenação e prisão de Lula em 2018. O caso, posteriormente, foi anulado pelo STF.
Foto: Ricardo Stuckert/PR