Marcelo Ramos abre jogo sobre sua campanha à sucessão de Maia
Marcelo disse que, diante do apoio de Maia, seria importante para o Amazonas ter um nome com possibilidade de presidir a Câmara.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 05/08/2020 às 19:03 | Atualizado em: 05/08/2020 às 19:03
Candidato à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PL) diz que os postulantes ao cargo negam haver conversas sobre o assunto, mas todas as movimentações no parlamento giram em torno das eleições para o comando da casa em fevereiro.
“Claro que todo mundo diz que é muito cedo, mas não se fala de outra coisa aqui na Câmara. Esse e um assunto de todas as conversas. Tudo o que acontece no plenário são fatos influenciados por isso”, disse o deputado nesta quarta-feira, dia 5, ao site Metrópoles, de Brasília.
Foi justamente a postura que assumiu ao ser indagado pelo BNC Amazonas sobre ter seu nome citado por Rodrigo Maia como provável candidato a sua sucessão durante entrevista ao programa Roda Viva (TV Cultura).
Questionado sobre a declaração, Ramos disse que era importante para o Amazonas ter um nome com possibilidade de presidir a Câmara, “mas muito cedo para adiantar o processo.”
“Agora é hora de gastar toda energia para ajudar o Brasil a enfrentar os efeitos sanitários, econômicos e sociais da crise”, disse
Revelações ao Metrópoles
Ao Metrópoles, o deputado conta os bastidores da disputa e não faz segredos das conversas que mantém cotidianamente com lideranças que, segundo ele, já expressaram apoio ao seu nome.
“Eu acho que quem queimará a maior parte do tempo vai ficar pelo caminho”, disse o deputado. “Então, eu trato com muita prudência”, admite.
Segundo o site, o deputado amazonense, no seu primeiro mandato, ganhou espaço de diálogo com os três grupos predominantes na Câmara: os bolsonaristas, o Centro mais ligado a Maia e a oposição.
“Existe um movimento de um grupo de deputados que defende minha candidatura e que me pede isso. Se isso culminar com uma candidatura, acho que ainda é muito cedo para definir. Não faz bem para a Câmara adiantar isso ”, disse.
“O que me legitimou para ser cogitado não foi eu pretender ser presidente. Porque seria uma ousadia absurda um deputado de um ano de mandato e de um estado com oito parlamentares no meio de 513. O que me legitimou como meu modo de trabalhar e lidar com pessoas ”, justificou.
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O que pesa a favor do deputado é o seu bom trânsito na esquerda, da qual já fez parte como militante e parlamentar do PCdoB.
“Se a esquerda avalizar isso, ótimo”, diz. “Tenho conversado bastante, conversas públicas. Já existe conversa com o PSB, com alguns setores do PT, com PDT. São conversas pontuais, menos em uma defesa de candidatura e mais tentando entender o cenário, tentando entender o que todo mundo pensa e tentando criar convergências ”, ponderou.
Mas o sucesso dele depende da sua capacidade de obter votos do campo vinculado a Maia e à oposição. “O meu medo maior é uma pulverização absurda na sucessão do presidente Rodrigo Maia, que leva o elemento imponderável para o resultado”, raciocina.
“Precisamos de um presidente que tenha capacidade de diálogo com o governo, que não tenha um milímetro das questões relacionadas à defesa da independência da Câmara e dos valores democráticos do país e que tenha compromisso com reformas. Esse é um perfil mais genérico ”, analisou.
O deputado também revela sua metodologia de trabalho: “Eu acho que tem muita gente trabalhando para marcar em cima. Eu trabalho no dia a dia, conversando com um por um, conversando com cada deputado.”
Segundo ele, é preciso ouvir, ajudar e construir consensos. “Quando o governo me pede uma coisa, eu procuro ajudar e fazer um acordo. Quando a oposição me pede, eu ajudo e faço um acordo.”
“Eu não vou mudar o meu estilo de atuação e não vou adiantar esse processo. Adiantar esse processo é dividir a Casa, quando uma pessoa precisa da Câmara no mínimo unida para votar como coisas que o país precisa ”, diz.
Atleta
Adepto da maratona, o deputado faz uma analogia das eleições para a Câmara como a prova de 100 metros no atletismo.
“Eleição de Presidência de Câmara não é maratona. É uma corrida a 100 metros. Agora, é claro que, para ganhar uma corrida de 100 metros, você tem que treinar ou tempo que treina para uma maratona. Então, o treino é longo. A prova é que é curta ”, comparou.
Por fim, o site lembra que Ramos é um dos nomes que pode ter o apoio de Maia na seleção.
“Mas também são cogitados os nomes do emedebista Baleia Rossi e de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Essas alternativas surgem principalmente na contraposição ao campo bolsonarista, que reúne o nome do líder do bloco Arthur Maia (PP-AL)”, avaliou.
Outro candidato no páreo é vice-presidente da Casa, o deputado Marcos Pereira, que já comunicou aos evangélicos sua intenção de ser candidato. Ele tem o apoio do bispo Edir Macedo.
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Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados/arquivo