O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (8) que está 99% fechado com o Partido Liberal (PL). E que deverá acertar os últimos detalhes da filiação em reunião com o presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, na quarta-feira, dia 10 de novembro.
No entanto, está praticamente acertado o megaevento da entrada de Bolsonaro no PL para o próximo dia 22 deste mês. A data é significativa porque é o número do partido registrado no Tribunal Superior Eleitoral.
Este ato de filiação de Bolsonaro deverá contar com a presença dos dirigentes e da bancada do Progressistas (PP) da Câmara, como o presidente da Casa, Arthur Lira, e do Senado, assim como do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.
O motivo é que o Progressistas deverá indicar o candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Mas, a pergunta que não quer calar é: como ficará o deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara, declarado adversário de Bolsonaro?
Como a quase certa entrada de presidente da República no mesmo partido, Ramos vai permanecer no PL ou vai migrar para outra legenda?
Uma fonte da bancada disse ao BNC que Marcelo Ramos está a um pé do PSD, do senador Omar Aziz.
Marcelo, inclusive, esteve presente no recente ato de filiação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (ex-DEM) que acabou de entrar nas hostes pedessistas.
A esses questionamentos, diretamente de Glasgow, na Escócia – onde participa da COP 26 – o deputado amazonense respondeu: “Não vou comentar até ser formalizada essa filiação”.
Não sobe no palanque de Bolsonaro
No entanto, na gravação do Roda Vida, que vai ao ar nesta segunda-feira (8), a partir das 22h, horário de Brasília, e 21h, horário de Manaus na TV Cultura/SP, o entrevistado Marcelo Ramos respondeu à mesma pergunta.
“Eu não estarei no palanque com ele (Bolsonaro), mesmo que ele não se filiasse no PL; mas se o PL o apoiasse eu não estaria no palanque dele, mas em outro”, respondeu o vice-presidente da Câmara.
Reeleição ou vice de Lula?
Aos jornalistas entrevistadores do Roda Vida, Marcelo Ramos também falou sobre o seu projeto político futuro.
“O caminho natural é a minha candidatura à reeleição de deputado federal e fico orgulhoso que um deputado do Amazonas, de primeiro mandato, novo na política nacional, tenha o nome especulado para ocupar uma chapa presidencial, mas isso é mera especulação que eu não sei de onde surgiu”.
A fala de Ramos ocorre após especulações de bastidores políticos de que ele, em caso de uma provável aliança do PL com o PT, de Lula, o amazonense seria o candidato a vice-presidente da República.
Mas, com a batida do martelo de Valdemar Costa Neto, presidente da legenda, em acolher Bolsonaro no Partido Liberal, o sonho de Marcelo Ramos de ser vice de Lula cai por terra.
Eleições 2022
O vice-presidente da Câmara também se pronunciou sobre as conversas e investidas políticas voltadas para as eleições de 2022.
A despeito de todo mundo já estar com os olhos nas eleições, Ramos diz que é preciso ser cuidadoso. Disse não se permitir, nesse momento, gastar energia com esse assunto e quem está gastando energia com eleição não está percebendo o partido que tem do lado de fora da política.
“A política só tem sentido se melhorar a vida das pessoas que já estão muito sofridas: são mais de 600 mil mortes, 15 milhões de desempregados, 20 milhões de famintos, inflação, juros altos. E é com isso que eu quero gastar minha energia, servir ao país e ao Amazonas. E a eleição vai ser tratada na hora certa, portanto, não é prioridade objetivamente para mim nesse momento. Eu quero cuidar das pessoas”, declarou Marcelo Ramos. PL Amazonas segue a nacional
O presidente do PL no Amazonas, Alfredo Nascimento, também não quis se pronunciar sobre a quase certa entrada do presidente Bolsonaro no partido. Ao BNC Amazonas disse que só fará qualquer declaração após a reunião da Executiva Nacional marcada para o dia 17 de novembro
No entanto, o ex-senador e ex-deputado federal deixou claro: “Sigo a direção nacional”.
Foto: Wesley Amaral/Agência Câmara