A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima , Marina Silva, questionou o presidente da CPI das ongs, senador Plínio Valério (PSDB-AM), sobre a BR-319 (Amazonas-Rondônia). Ela vinha sendo cobrada e apontada por ele como a responsável pela rodovia não ser concluída.
“O estado do Amazonas teve ministro dos Transportes, tem senadores, deputados federais, teve até um vice-presidente [da República], e durante esses 15 anos essa estrada não foi feita”.
Ela se referia ao período em que esteve fora do governo federal. Marina deixou o Ministério do Meio Ambiente em 2008, no segundo mandato de Lula da Silva.
“Eu saí do Ministério do Meio Ambiente em 2008. Eu estou voltando em 2023, portanto, 15 anos depois. Por que não fizeram a estrada?”.
Ela ainda acrescentou:
“Depois de 15 anos dizer que a estrada não foi feita porque eu não dei a licença…”.
Conforme a ministra, a BR não foi concluída porque é difícil provar a sua viabilidade econômica e ambiental. “A não ser que seja para converter os mais de 400 quilômetros de floresta virgem em outra atividade, não tem viabilidade”.
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“Só para passear de carro”
Marina disse reconhecer o direito de reivindicação por transitar na estrada, “socialmente até a gente entende”, disse ela.
Contudo, afirmou que não se rasga uma floresta nativa de 400 quilômetros “apenas para passear de carro, sem estar associado a um projeto produtivo”.
Dessa forma, Marina disse que a rodovia deve responder a esses três requisitos para obter autorização ambiental para sua conclusão.
Aos senadores da comissão, a ministra disse que a BR-163 tinha um processo igualmente difícil para licenciamento ambiental, mas ela autorizou.
E afirmou que em 2007 deu autorização para obras de asfaltamento na BR-319, em trecho do Amazonas, que até hoje não foram feitas. “Tem a licença, mas não foi asfaltado. Por quê?”.
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A BR e mortes sem oxigênio
Marina fez dura reação a Valério, que fez tentativas de jogar em suas costas as mortes do governo Bolsonaro na pandemia de covid (coronavírus) em 2021 pela dificuldade de tráfego na BR-319.
Naquela oportunidade, “pela incompetência e incapacidade” de Bolsonaro, conforme ela, caminhões com oxigênio enviado pelo governo, levaram sete dias de Porto Velho a Manaus. Como resultado, muitos doentes de covid morreram.
Marina, então, questionou o senador do Amazonas:
“E o senhor vem dizer para mim que as mortes devem ser imputadas a mim, porque não deixei fazer a estrada?”.
A ministra afirmou ainda ao presidente da CPI que a BR ficou nas mãos do governo Bolsonaro por quatro anos, e só no último saiu uma licença prévia. “E até hoje, pelo que eu saiba, não tem pedido de licença de instalação. E isso é obrigação do Dnit [órgão do governo responsável pela rodovia]”.
Foto: reprodução/TV Senado