Militares do GSI de Bolsonaro e general interagiam com golpistas
O dossiรช mostrou que os militares bolsonaristas envolvidos no acampamento golpista incentivavam os outros manifestantes em relaรงรฃo a pautas autoritรกrias

Diamantino Junior
Publicado em: 20/01/2023 ร s 13:42 | Atualizado em: 20/01/2023 ร s 13:42
O Ministรฉrio da Justiรงa e Seguranรงa Pรบblica estรก com um dossiรช que comprova que pelo menos oito militares lotados na Presidรชncia da Repรบblica no governo Bolsonaro, a maior parte deles no Gabinete de Seguranรงa Institucional (GSI), comandado ร รฉpoca pelo general Augusto Heleno, frequentavam o acampamento golpista instalado na รกrea do Quartel-General do Exรฉrcito em Brasรญlia.
Foi desse local que saรญram os terroristas que atacaram a sede da Polรญcia Federal e incendiaram veรญculos na capital federal em 12 de dezembro do ano passado, que posteriormente instalaram uma bomba-relรณgio num caminhรฃo-tanque que ia para o Aeroporto Juscelino Kubitschek, na vรฉspera de Natal, e que destruรญram as sedes dos trรชs poderes no รบltimo dia 8.
A Fรณrum, por meio de uma fonte da PF lotada na Presidรชncia da Repรบblica, jรก vinha denunciando que militares do GSI operavam no referido acampamento e teriam ligaรงรฃo com esses extremistas.
O mesmo documento que estรก nas mรฃos do ministro Flรกvio Dino tambรฉm aponta que esses agentes da Presidรชncia estavam em grupos de WhatsApp que articulavam um golpe de Estado no paรญs e nos quais eram feitas ameaรงas de morte ao presidente Luiz Inรกcio Lula da Silva (PT). Num vรญdeo, Lula aparece falando e sobre ele รฉ colocada uma mira telescรณpica de um atirador de elite.
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Os dados do dossiรช foram levantados durante o perรญodo de transiรงรฃo por integrantes de um grupo de trabalho que se infiltraram nessas reuniรตes de radicais nos aplicativos de troca de mensagens.
A reportagem da Folha de S.Paulo afirma que entrou em contato com alguns desses militares do GSI e que eles teriam dito que, de fato, iam ao acampamento, mas โsem fardaโ e โsem se manifestar politicamenteโ e โsem apoiar pautas antidemocrรกticasโ. Dois desses agentes seguiram lotados nessa Presidรชncia atรฉ quinta (19), quando tiveram suas dispensas publicadas no Diรกrio Oficial da Uniรฃo.
O dossiรช mostrou que os militares bolsonaristas envolvidos no acampamento golpista incentivavam os outros manifestantes em relaรงรฃo a pautas autoritรกrias por meio de estรญmulos com vรญdeos e รกudios, insuflando os extremistas, sendo que um desses agentes propunha explicitamente โaรงรตes violentas contra petistasโ.
Num dos grupos de WhatsApp analisados pelos integrantes do Ministรฉrio da Justiรงa, guarda-costas pessoais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que eram do GSI, tambรฉm aparecem na รกrea dos acampamentos, vestidos com camisas da seleรงรฃo brasileira e instando outros militares a frequentarem o local.
Entre as fotos que circulavam nesses grupos extremistas, o Ministรฉrio da Justiรงa identificou diretamente o major Alexandre Nunes, do Exรฉrcito, Mรกrcio Valverde, sargento da Marinha, e um homem identificado apenas como sargento Azevedo, que seria da Aeronรกutica. Os dois primeiros foram confirmados como agentes do GSI, sendo que Nunes aparece dizendo diretamente aos radicais que โLula nรฃo subiria a rampa do Planaltoโ.
Outros militares da Marinha, identificados como Estevรฃo Soares, Thiago Cardoso, Marcos Chiele e Fernando Carneiro Filho, tambรฉm do GSI, tambรฉm sรฃo apontados nominalmente no dossiรช levado ao Ministรฉrio da Justiรงa como agentes do รณrgรฃo de inteligรชncia da Presidรชncia como frequentadores do acampamento e participantes desses grupos de radicais bolsonaristas.
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Foto: Marcelo Camargo/Agรชncia Brasil