As ações que buscam a cassação do mandato do senador Sergio Moro (União-PR) estão gerando uma prévia eleitoral fora de época no Paraná. Com a possibilidade de abertura de uma vaga no Senado, membros do PT, autor de um dos pedidos, estão se articulando para definir o candidato do partido.
O processo, em tramitação no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), pode resultar na cassação de toda a chapa por irregularidades durante a campanha do ano passado.
Se confirmada, essa decisão levará a uma nova eleição para o cargo de senador no estado.
A possibilidade de uma nova eleição é vista como uma oportunidade para que deputados disputem um cargo de maior longevidade com mais tranquilidade, uma vez que já conquistaram a reeleição no ano passado.
As negociações políticas antecipadas visam fortalecer os candidatos em caso de confirmação da eleição. Além disso, a oportunidade de assumir a vaga de Moro é especialmente relevante para o governo, que pode ampliar sua base no Legislativo. A movimentação prévia também é importante para o PT, pois há mais de um nome na disputa interna pela vaga ao Senado.
PL, PT e PP de olho na vaga
Não é apenas o PT que está interessado na vaga que seria aberta pela cassação de Sergio Moro. O partido PL, de Jair Bolsonaro, também está envolvido na batalha judicial e vê uma oportunidade de assumir o cargo do senador.
O candidato da legenda nas eleições passadas, Paulo Martins, ficou em segundo lugar na disputa. O ex-deputado Ricardo Barros, do PP, também declarou publicamente que participará de uma nova eleição, caso seja convocada.
Pelo menos seis nomes estão se articulando para a possível disputa. No entanto, a decisão final deve demorar, pois além de ser aprovada no TRE-PR, a ação ainda precisará ser referendada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e confirmada pelo Senado Federal.
PT se prepara para disputa interna
No PT, circulam pelo menos três possíveis candidatos à vaga de Moro: a presidente nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann; o líder do partido na Câmara, deputado Zeca Dirceu; e o deputado estadual Roberto Requião Filho.
Dirceu e Gleisi são os principais concorrentes e representam alas distintas do PT paranaense.
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Requião, filho do ex-governador Roberto Requião, também manifestou sua intenção de concorrer, podendo até mesmo deixar o PT e se candidatar por outra legenda, caso não seja favorecido pela sigla. Nos bastidores, Gleisi e Dirceu tentam conquistar o apoio do clã Requião, podendo negociar cargos no governo federal.
Gleisi é considerada a candidata mais provável devido à sua proximidade com o presidente e sua influência para oferecer cargos.
PT dá como certa a cassação de Moro
Publicamente, membros do PT consideram como certa a cassação de Sergio Moro. Na semana passada, a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, postou uma foto ao lado de Gleisi e a chamou de “futura senadora”, gerando reações por parte dos aliados de Moro.
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente, questionou se a primeira-dama estava extrapolando seu papel e pressionando o Judiciário ou se o Judiciário estava agindo em prol do Executivo. Moro agradeceu o apoio e afirmou que a fala de Janja é um desrespeito aos eleitores que o elegeram.
Campanha eleitoral de Moro
Sergio Moro está enfrentando duas ações que o acusam de irregularidades durante a campanha eleitoral. Os processos foram movidos pelo PL e pela Federação Brasil da Esperança, composta pelo PT, PCdoB e PV. Os casos foram unidos devido a argumentos semelhantes sobre o mesmo tema.
As ações alegam que Moro agiu de forma irregular ao lançar sua candidatura à Presidência pelo Podemos e, posteriormente, migrar para o partido União Brasil para concorrer ao Senado.
O PL argumenta que a disputa presidencial tem um teto de gastos muito maior e maior visibilidade, o que teria prejudicado os concorrentes.
A Federação liderada pelo PT também alega indícios de “inúmeras ilicitudes” contra as normas eleitorais e movimentações financeiras suspeitas, incluindo a acusação de “caixa 2”.
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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado