MPF investiga advogado que disse que ‘índio não gosta de trabalhar’

Procurador interferiu e disse ao agressor que atos de racismo contra os indígenas não são toleráveis

MPF investiga advogado que disse que 'índio não gosta de trabalhar'

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 27/08/2022 às 11:31 | Atualizado em: 28/08/2022 às 11:48

O Ministério Público Federal (MPF) investigará um advogado que ofendeu grupo de indígenas como: “índio não gosta de trabalhar”, “que tipo de índios vocês são”.

Os indígenas almoçavam em um restaurante em Santarém, no oeste do Pará. Como informa o g1.

Em voz alta, o advogado disse também: “eu só gosto de índio que gosta de trabalhar”.

Na ocasião, o procurador-chefe do no Pará, Felipe de Moura Palha, presenciou a conduta racista.

Então, ele precisou intervir para evitar violência contra indígenas.

Desse modo, os indígenas permaneceram sentados e calados diante das agressões.

Isso, portanto, fez o procurador-chefe interferir e dizer ao agressor que atos de racismo contra os indígenas não são toleráveis, pedindo para que ele se retirasse do local.

De acordo com informações do MPF, o episódio aconteceu após o encerramento de um evento da Confederação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) com a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).

Do evento, participaram tanto as lideranças indígenas agredidas quanto o procurador-chefe da PR/PA.

Ao fim do evento, eles foram almoçar em um restaurante, quando o advogado William Martins Lopes entrou no local, abordou as lideranças indígenas e passou a fazer insultos racistas.

Discurso de ódio

Dessa maneira, para Felipe Palha, houve ato de racismo e discurso de ódio por parte do advogado.

“O indivíduo se aproximou batendo no ombro do senhor Antônio Marcos Sena Leal Karajá perguntando se éramos índios, de onde eram e se gostavam de trabalhar, porque ele é advogado que trabalha com indígenas Munduruku que gostam de trabalhar e que ele era igual ao presidente Bolsonaro, só gostava de índios que trabalhassem”, relatou nos pedidos de investigação.

Em resposta ao contato feito pelo g1, o presidente da OAB Subseção Santarém, Ítalo Melo, disse que a entidade recebeu com grande indignação a notícia da conduta atribuída ao colega.

O advogado

O advogado teria se alterado ainda mais e disse que ia ligar para a polícia para informar que havia “uma turba de índios” o ameaçando.

Em vídeo que circula nas redes sociais, ele aparece falando ao telefone e dizendo que estava armado e que usaria a força para se defender dos indígenas.

O agressor só parou com os insultos racistas quando o Felipe Palha se identificou como autoridade do MPF e orientou as lideranças a pagarem suas refeições e saírem do local.

Ainda conforme o MPF, os indígenas passaram o resto do dia dentro do hotel onde estava hospedados, assustados com as agressões e temerosos de circular pela cidade de Santarém.

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