“Não posso sempre dizer não ao Parlamento”, diz Bolsonaro após críticas
Para o presidente, os avanços trazidos pelo pacote anticrime só foram possíveis porque o governo recuou em alguns pontos.

Mariane Veiga
Publicado em: 26/12/2019 às 14:15 | Atualizado em: 26/12/2019 às 14:15
O presidente Jair Bolsonaro publicou nesta quarta-feira, dia 25, uma mensagem em resposta às críticas que recebeu por não ter vetado o trecho que prevê a criação do juiz de garantias, no pacote anticrime. “Não posso sempre dizer não ao Parlamento, pois estaria fechando as portas para qualquer entendimento”, disse no Facebook.
O ministro da Justiça, Sergio Moro, chegou a pedir que ao presidente que vetasse o trecho específico, sob a alegação de que não ficou claro como ficará a situação das comarcas onde há atuação apenas de um magistrado.
Moro também alegou que não há clareza se a medida valerá para processos em andamento e em tribunais superiores.
Mesmo assim, Bolsonaro manteve o “juiz de garantias” no pacote anticrime, ao sancionar o projeto nessa quarta-feira, dia 24. A decisão foi criticada publicamente pelo ministro da Justiça e também pelos seguidores de Moro que votaram em Bolsonaro.
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Via Twitter, Moro disse: “Sancionado hoje o projeto anticrime. Não é o projeto dos sonhos, mas contém avanços. Sempre me posicionei contra algumas inserções feitas pela Câmara no texto originário, como o juiz de garantias. Apesar disso, vamos em frente.”
Na mensagem no Facebook, o presidente defendeu que o Congresso é o responsável pela última palavra na elaboração das leis, já que julga os vetos presidenciais.
Em seguida, afirmou que os avanços trazidos pelo pacote só foram possíveis porque o governo recuou em alguns pontos. E parabenizou o ministro.
“Críticas, ou não, cabem a você [Moro], levando-se em conta seu grau de entendimento de como funcionam o Legislativo e o Executivo”, defendeu.
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Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República