Dia sim, dia não, o colunista José Casado, de O Globo , mira sua artilharia contra os benefícios fiscais concedidos na região Norte via Zona Franca de Manaus (ZFM). No penúltimo, publicou o artigo “Uma fraude amazônica ” para denunciar que 3.348 empresas instaladas no Amazonas simulam negócios para obter lucro com os benefícios fiscais. Os partidos de esquerda PT e PCdoB teriam rachado nesse processo.
Hoje, sem novamente entrar em detalhes sobre isenções fiscais praticadas em outras regiões do país, com o Sul e o seu Sudeste, onde estão 90% dos municípios mais desenvolvidos, Casado se vê porta-voz de uma incomodação particular: a renúncia tributária da ZFM.
No artigo em que sugere que a bancada parlamentar do Amazonas está festejando benesses concedidas a fabricantes de refrigerantes multinacionais, Casado se limita a analisar tão somente o montante da renúncia fiscal.
Não aborda, por exemplo, os benefícios em emprego e renda gerados pelo polo de concentrados, com uma cadeia de mais de 30 empresas produtoras e pelo menos 14 mil pessoas trabalhando com extratos naturais para a produção da bebida.
Também nada diz sobre o retorno que o modelo dá ao país em arrecadação. Muito menos fala do que é concedido em renúncia fiscal em outras regiões brasileiras.
Em suma, Casado repete o velho e cansado ataque gratuito e ao polo de desenvolvimento do Norte.
PT agora é alinhado com o “golpista”
O colunista, que é do Espírito Santo, apimenta a questão sugerindo que as discussões que levaram à aprovação do decreto legislativo no Senado separaram antigos aliados de esquerda petistas e comunistas.
“No embate sobre quais multinacionais merecem privilégios estatais, PCdoB e PT reafirmaram a velha política de transferência de renda dos pobres para os mais ricos”.
Desdenha da euforia da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) com a aprovação do decreto legislativo que subscreve com os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB).
“Grazziotin exalava alegria porque conseguira impedir um corte de R$ 1,6 bilhão nas benesses estatais a essas empresas privadas [Ambev e Coca-Cola]”.
Para Casado, “a autodenominada esquerda rachou num embate sobre privilégios do Estado para dois ícones do capitalismo global, Coca-Cola e Ambev, beneficiários de dois terços dos incentivos dados ao setor de refrigerantes”.
Quanto ao PT, este se alinhou ao “golpista” Temer para condenar a isenção da ZFM depois de passar “a última década apoiando subsídios de R$ 1,5 bilhão por ano às multinacionais de automóveis”.
Leia a coluna de Casado na íntegra.
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Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado