É, no mínimo, estranho o silêncio que a ex-presidente do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), Yara Lins, faz há quatro dias, apesar de acusada de corrupção.
São fatos graves, gravíssimos, e seu silêncio nega à sociedade o direito à informação.
Sobretudo, por fazer parte de um órgão, no qual os seus membros deveriam prezar pela transparência, sua natureza é a da fiscalização, do controle público.
Yara Lins não é alvo de uma acusação qualquer nem por um acusador qualquer.
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Ela foi acusada, no Senado, Casa mais importante do Congresso Nacional, do Poder Legislativo nacional.
Seu acusador, o senador Omar Aziz, da mesma forma, não é uma voz qualquer.
Ele, certamente, sabe, perfeitamente, o que diz.
O parlamentar carrega consigo a experiência de ter sido vereador, deputado estadual, vice-prefeito, vice-governador, governador e agora senador da República.
Mais que isso: o foco das luzes que acendem sobre a CPI que ele preside neste momento, no Congresso, a da Pandemia, o lustram na mídia nacional.
Gravidades
Yara Lins está sendo acusada de enriquecimento ilícito.
O senador citou o fato de ela estar construindo, simultaneamente, duas mansões no mais luxuoso condomínio da avenida Ephigênio Salles.
Detalhe: o senador mora lá.
Omar Aziz também sugeriu que a conselheira recebe propina de dezenas de empresas, fornecedoras de governos e prefeituras.
Sugeriu também que, quando presidente do TCE-AM, usou o poder que tinha para eleger a deputado estadual seu filho Fausto Júnior.
Fez isso enquadrando prefeitos, indicou o senador na CPI da covid.
A função que ocupa o serviço público, no órgão em que trabalha, não dá à conselheira o direito ao silêncio.
Até, porque, assim agindo, concordará com a sabedoria de que, quem cala, consente.
Resposta que o bom-senso espera de Yara Lins é que, ao bem das investigações, se afaste de suas funções no TCE-AM e se entregue às investigações contra ela.
Ao contrário disso, tudo o que fizer estará sendo espiada por olhares de desconfianças.
Foto: BNC AMAZONAS