Odebrecht confessa Ă  PGR: Toffoli recebia propina da empreiteira

As afirmações foram feitas nos dias 6 e 7 de maio, em depoimento autorizado pelo relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin.

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Publicado em: 11/07/2020 Ă s 01:41 | Atualizado em: 11/07/2020 Ă s 01:41

O empreiteiro Marcelo Odebrecht disse Ă  Procuradoria-Geral da RepĂºblica que seu grupo empresarial mantinha um acerto ilĂ­cito com o entĂ£o advogado-Geral da UniĂ£o, Dias Toffoli. Hoje, Toffoli (foto) Ă© presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele estĂ¡ no cargo desde setembro de 2018

O empreiteiro disse que fazia pagamentos a Toffoli no decorrer do segundo mandato de Lula, entre 2007 e 2009. A reportagem estĂ¡ publicada na Gazeta Brasil.

As afirmações foram feitas nos dias 6 e 7 de maio, em depoimento autorizado pelo relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin.

O depoimento, contudo, consta dos autos da PET 8319, que corre em sigilo. Esses autos contĂªm o HD de um computador de Marcelo Odebrecht apreendido pela PolĂ­cia Federal em 2015. 

Como a Gazeta Brasil descreveu na reportagem principal desta sĂ©rie, o empresĂ¡rio, hoje delator, prestou essas informações apĂ³s ser confrontado pelos procuradores.

Dessa forma, o depoente estava diante de uma série de emails encontrados no computador dele.

Marcelo disse que um diretor da Odebrecht e um advogado ligado ao PT eram os responsĂ¡veis diretos pelo acerto e pelos pagamentos.

NĂ£o soube especificar, entretanto, valores nem detalhar aspectos operacionais do acerto narrado. 

Diante do depoimento de Marcelo Odebrecht, os procuradores do Grupo de Trabalho da Lava Jato na PGR enviaram a seus superiores pedido de abertura de inquérito.

O motivo, porĂ©m, seria por suspeita de corrupĂ§Ă£o passiva contra o atual presidente do Supremo.

AtĂ© a saĂ­da coletiva dos procuradores, no dia 26 de junho, o procurador-geral da RepĂºblica, Augusto Aras estava calado. NĂ£o havia, entretanto, manifestado intenĂ§Ă£o de apresentar ao STF esse pedido de investigaĂ§Ă£o.

Com Aras estava a subprocuradora LindĂ´ra AraĂºjo, chefe formal da Lava Jato na PGR desde janeiro.

 

Aliança

Aras e LindĂ´ra dizem com frequĂªncia, a interlocutores, que Toffoli Ă© o Ăºnico aliado no Supremo da cĂºpula da PGR.

O presidente do tribunal elogiou recentemente e em pĂºblico a atuaĂ§Ă£o de Aras.

Na quinta-feira, dia 9 de julho, Toffoli atendeu a pedido da PGR, no recesso JudiciĂ¡rio.

Ordenou Toffoli, contudo, para que as forças-tarefa da Lava Jato entregassem a Aras todo o acervo sigiloso. SĂ£o sigilos obtidos em cinco anos de investigações. O ministro se referia ao trabalho do ParanĂ¡, do Rio e de SĂ£o Paulo.

O pedido de abertura de inquĂ©rito nĂ£o significa que os procuradores julguem que o presidente do Supremo e as demais pessoas envolvidas sejam culpadas.

Significa que, para eles, existem elementos suficientes para investigar a existĂªncia de crimes.

Se essa investigaĂ§Ă£o for feita, pode confirmar ou nĂ£o as suspeitas.

Se confirmar, o MinistĂ©rio PĂºblico, em tese, oferece denĂºncia contra os autores dos possĂ­veis crimes. Se nĂ£o confirmar, o MinistĂ©rio PĂºblico arquiva o caso.

Se um juiz ou tribunal acolher uma denĂºncia, entretanto, os acusados tornam-se rĂ©us e passam a responder a uma aĂ§Ă£o penal.

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Força da delaĂ§Ă£o 

Caso se conclua que Marcelo Odebrecht mentiu, ele pode perder os benefĂ­cios da delaĂ§Ă£o que firmou com a PGR no começo de 2017.

Nesse sentido, frise-se que ele e os demais delatores da Odebrecht nada disseram sobre esse caso quando acordaram a delaĂ§Ă£o.

Do mesmo modo, nem a empresa se referiu a Toffoli quando do seu acordo de leniĂªncia.

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Foto: Nelson Jr./SCO/STF – 25/6/2020