Por Neuton Corrêa, da Redação
Sem citar expressamente o governo Bolsonaro (PSL), mirando, porém, no ministro da Economia, Paulo Guedes , o senador Omar Aziz (PSD) disse que “eles” querem acabar com a Zona Franca de Manaus (ZFM) sem apresentar alternativa à região.
Ele indaga se a alternativa seria a volta do Amazonas à atividade extrativista da floresta.
“Nós vamos voltar a vender castanha, a tirar borracha? Porque a gente não pode desmatar para ter produção de grãos, a gente não pode desmatar para ter pasto para gado, nós não temos produção de milho, de soja. O Amazonas não pode ter isso”, disse ele.
Para o parlamentar, que é presidente da Comissão de Economia e Finanças do Senado (CAE) é mentiroso o discurso que critica o modelo de desenvolvimento regional , sediado em Manaus, sem investimento em infraestrutura.
“Primeiro façam as estradas, primeiro ajudem a construir os hotéis, primeiro ajudem na navegação da Amazônia, primeiro façam portos decentes para o Estado do Amazonas, para a gente procurar alternativas. Mas, isso, eles não falam. Então, você vê o ministro da economia falar em alternativas econômicas, mas não vê o ministro da Economia colocar um centavo para fazer a BR-319 ”.
Gestão da Suframa
O senador Omar Aziz também criticou a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), que abriu mão de cerca de R$ 15 milhões de seu orçamento para o exercício 2020 e a escolha, feita pelo presidente Bolsonaro, de colocar no comando da autarquia um compadre e correligionário, o coronel da reserva Alfredo Menezes (PSL) .
“Sempre se questionou indicações políticas, mas todas as indicações políticas que tiveram a Suframa foram de técnicos que passaram por lá, com conhecimento técnico, que conheciam em profundidade a relação incentivo e importância”.
Jogo contra
Para o parlamentar, Menezes, hoje, ao servir ao presidente, não serve ao Amazonas e trabalha contra a ZFM.
“Agora, não é uma indicação de uma pessoa de confiança. Como ele mesmo diz: está aqui para servir, servir o presidente. Mas, nesse momento, não dá para a gente servir ao presidente e ao Amazonas. Ou a gente serve ao Amazonas ou serve ao presidente, porque servir ao Paulo Guedes é servir trabalhando contra a Zona Franca”.
Omar Aziz também observou que, ao abrir mão de recursos, a Suframa perde a possibilidade de ajudar estados que fazem parte da área de abrangência do modelo.
“Quando você abre mão dos recursos, você não pode ajudar ninguém. Antigamente, você contava com Roraima, Rondônia, Amapá, com o Acre e Amazonas. Eram cinco estados que a Zona Franca poderia colaborar e se fazia convênios com esses estados”, comentou, concluindo:
“Então, as reuniões do Conselho de Administração da Suframa (CAS) tinha a presença de todos os governadores da Amazônia. Isso nunca mais aconteceu. A presença dos prefeitos das capitais. Tinham reuniões aqui que estavam o governador de Rondônia, de Roraima, do Amapá, do Acre e do Amazonas”.
Apelo à sociedade
Omar Aziz falou sobre esses assuntos ao participar, na sexta-feira, dia 20, de um evento na Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM) e falar em entrevista sobre as informações que dão conta de que a reforma tributária do governo Bolsonaro ameaça a economia do Amazonas.
“A melhor coisa para o Amazonas é que não houvesse a reforma tributária, mantivesse do jeito que está”, disse ele, considerando, porém, que o assunto é inevitável, assim como aconteceu com a reforma da Previdência.
Nesse sentido, Omar Aziz chama a atenção da sociedade amazonense porque, destacou, é uma questão que afeta a todos.
“Você, que é camelô, só existe o camelô porque tem a Zona Franca. Você que tem uma oficina de autopeças ou de mecânica ou qualquer coisa, tudo é ligado indiretamente a Zona Franca. E quando eu vejo pessoas que estão estudando dizendo que a Zona Franca tem que acabar, fico perplexo que algum amazonense possa defender o fim da Zona Franca”.
Assista à entrevista que ele concedeu nos bastidores da ALE-AM:
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Foto: BNC AMAZONAS