O presidente da CPI da covid, Omar Aziz (PSD), reagiu a nota do ministro da Defesa, Braga Neto, e os comandantes das três Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica) que o acusam de atingir os militares de “forma vil e leviana” na sessão do colegiado nesta quarta-feira (7).
Diante da possibilidade de uma crise institucional, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) cobrou pacificação. Ele afirmou que a previsão constitucional das Forças sempre será “observada”, inclusive pelo senador Omar Aziz.
Omar cobrou uma posição mais firme do presidente da Casa por ter feito um “discurso bastante moderado” e disse que podem fazer “50 notas” que não vão intimidá-lo.
“Infelizmente, um discurso bastante moderado para esta Casa no momento que nós vivemos, mas eu tenho o maior respeito por Vossa Excelência”, completou.
Protesto
Além disso, Omar reclamou que o presidente do Senado não fez referência à tentativa de intimidação. Por isso, afirmou que fez uma fala pontual e não generalizada como acusam os militares.
“Vossa Excelência, como presidente do Senado, deveria dizer isso no seu discurso. Eu sou um membro desta Casa. Vossa Excelência (deveria) dizer: a nota é desproporcional, eu não aceito que intimide um senador da República. Era isso que eu esperava de Vossa Excelência”, lamentou.
“O que eu disse foi pontual, que há muito tempo membros das Forças Armadas, e alguns reformados, não se falava um ai das Forças Armadas, e hoje um ex-sargento da Aeronáutica foi depor e foi preso, porque mentiu, foi o que pediu US$ 1.00 por vacina”, criticou.
Disse que o coronel Elcio (Franco, ex-secretário-geral do Ministério da Saúde) foi o homem das irregularidades da vacina indiana Covaxin. E voltou a afirmar que não tem nada contra as Forças.
“Há até vários pedidos para convocar o ministro da Defesa, Braga Netto. Não pautei nenhuma vez, porque não entendo em que o ministro poderia contribuir na investigação. Do General Ramos (ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo) há vários pedidos”, revelou.
“E vou afirmar aqui o que eu disse lá na CPI, novamente: podem fazer 50 notas contra mim; só não me intimidem, porque, quando estão me intimidando, estão intimidando esta Casa”, completou.
Lembrou ainda que na posição de governador do Amazonas ninguém teve melhor relação com as Forças do que ele.
“Convivi com grandes generais como o general Villas Bôas, grande comandante do Exército Brasileiro.”
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Entenda o caso
Durante o depoimento do ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, que serviu durante dez anos na Aeronáutica, Omar criticou o envolvimento de militares em “falcatruas dentro do governo”.
Disse que fazia tempo que não via membros do “lado podre das Forças Armadas” envolvidos em falcatruas. Dessa forma citou como exemplo o coronel Elcio Franco e o general Eduardo Pazuello, que ex-secretário-executivo e ex-ministro da pasta da Saúde, respectivamente.
Os militares distribuíram uma nota dura contra o presidente da CPI dizendo que foram desrespeitados com posição generalizada sobre corrupção nas Forças.
“Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”, diz um trecho da nota dos militares.
Por fim, declararam que “as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições e que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado