Iram Alfaia , do BNC Amazonas em Brasília
Parlamentares da bancada amazonense, em Brasília, reagiram também à movimentação e repercussão das mudanças em ministérios, nessa segunda-feira (29), principalmente nas Forças Armadas.
Dos que foram ouvidos pelo BNC , nenhum acredita em radicalização contra a ordem democrática.
A demissão do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e a saída coletiva dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, causaram reboliço no meio político, sobretudo no Congresso Nacional.
Por discordarem de um possível controle político das Forças Armadas pelo presidente Jair Bolsonaro, os comandantes Edson Leal Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica) pediram renúncia conjunta nesta terça-feira (30).
Na segunda-feira (29), Bolsonaro trocou no comando do Ministério da Defesa o general Fernando Azevedo e Silva pelo também general Walter Braga Neto.
Em nota, o ministro que deixou o cargo saiu dizendo que sempre preservou as Forças Armadas como instituições de Estado.
Ao entregar os cargos a Braga Netto, os comandantes das Forças afirmaram que os militares não participarão de nenhuma aventura golpista.
Disseram buscar uma saída de acomodação para a crise, a maior na área desde a demissão do então ministro do Exército, Sylvio Frota, em 1977, pelo presidente Ernesto Geisel.
Leia mais:
Comandantes das Forças Armadas entregam cargos ao novo ministro
Comandante do Exército, em recado a Bolsonaro: “Nada de política no quartel”
O acontecimento repercutiu imediatamente no meio político com sinais de preocupação sobre um possível processo de radicalização.
Repercussão
Entre os parlamentares amazonense que se manifestaram sobre a crise, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramo (PL), vê interesse de Bolsonaro no processo, mas não acredita num desfecho autoritário.
“Eu não tenho dúvida de que há uma tentativa do presidente Bolsonaro de um controle maior do ponto de vista político das Forças Armadas”, afirmou ao UOL.
Ele também disse ter dúvidas se o general Braga Netto se prestaria ao papel. “Então eu também tenho receio, mas ainda confio no compromisso das Forças Armadas com a Constituição e com a ordem democrática.”
“Desejo boa sorte aos novos ministros. Rezo para que possam contribuir para a evolução e consolidação da nossa jovem e sempre ameaçada democracia”, disse o senador Plínio Valério (PSDB), demostrando apreensão.
Para o senador Eduardo Braga (MDB), é preciso deixar claro que as “Forças Armadas seguirão cumprindo seu papel constitucional, pelo bem da democracia e do Brasil.”
Senador Eduardo Braga: “Sempre defendi a democracia” Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Segundo ele, foi com essa preocupação que assinou o requerimento para que o novo ministro da Defesa compareça ao Senado e dê as devidas explicações sobre as mudanças no ministério e no comando das Forças Armadas.
“Em 39 anos de vida pública, sempre defendi a democracia e as instituições democráticas. Reitero, nesse momento, a defesa do papel constitucional das Forças Armadas, seja quem for o ministro da Defesa ou os comandantes da Marinha, da Aeronáutica e do Exército”, disse.
Foto: Fotomontagem/BNC/Agência Senado