As eleições municipais de 2024, encerradas no domingo, 27 de outubro, delinearam um novo mapa de forças políticas no Brasil, indicando um fortalecimento dos partidos de centro-direita e trazendo impactos significativos para a corrida presidencial de 2026. As articulações já começaram e os resultados mostram que PSD e MDB, que conquistaram prefeituras em cinco capitais cada, estão bem posicionados para as disputas futuras, apesar de integrarem a base do governo de Lula.
Partidos fortalecidos para 2026
O PSD, liderado por Gilberto Kassab, emerge como o grande vencedor das eleições, acumulando 885 prefeituras. O MDB, com 853 prefeituras, também se consolidou como uma força significativa. Ambos os partidos, apesar de estarem no governo, pendem para a direita, o que ficou evidente na vitória de Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo, derrotando Guilherme Boulos (PSOL), candidato apoiado por Lula.
Outros partidos de centro-direita, como PP, União Brasil, PL e Republicanos, também saíram fortalecidos, reforçando a preferência do eleitorado brasileiro por políticos conservadores. O PL, apesar de suas conquistas, viu nomes mais ligados à ala ideológica e ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como Marcelo Queiroga e Gilson Machado, perderem em importantes capitais.
O papel de Lula e o desafio da esquerda
Para o presidente Lula, a vitória em Fortaleza com Evandro Leitão (PT) trouxe um alento, mas o Partido dos Trabalhadores (PT) ainda enfrenta desafios, tendo conquistado apenas 252 prefeituras, um número significativamente inferior ao dos partidos de centro-direita. Apesar da tímida recuperação, o cenário para 2026 ainda é incerto para o PT, que dependerá de fatores como a saúde do próprio Lula e a viabilidade de nomes como Fernando Haddad, Geraldo Alckmin e Eduardo Paes para uma possível candidatura presidencial.
A incógnita Bolsonaro e a nova direita
Do lado da direita, o ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta um cenário de incertezas, com sua inelegibilidade ainda em jogo. Caso não consiga reverter essa situação, novos nomes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, surgem como potenciais líderes do campo conservador. Tarcísio, que foi celebrado pelo prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes, é um dos principais cotados para disputar a presidência em 2026, enquanto Caiado desponta como um nome de peso ao derrotar um candidato apoiado por Bolsonaro em Goiânia.
Próximas disputas: Câmara e Senado
Antes de 2026, os partidos brasileiros enfrentarão a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado em fevereiro de 2025. No Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil) deve garantir a presidência sem grandes desafios. Já na Câmara, o cenário é mais disputado, com nomes de centro-direita como Hugo Motta (Republicanos), Elmar Nascimento (União Brasil) e Antonio Brito (PSD) na disputa pela cadeira atualmente ocupada por Arthur Lira.
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Esses embates serão cruciais para definir as alianças e o equilíbrio de poder em Brasília nos próximos anos, com vistas às eleições gerais de 2026. O Brasil, ao que tudo indica, continuará a testemunhar a polarização entre diferentes vertentes da direita, enquanto a esquerda busca reorganizar-se para enfrentar um cenário cada vez mais desafiador.
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Foto: fotospúblicas