Por Neuton Corrêa , da Redação
O G1, portal de notícias da Globo, acaba de publicar uma declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, na qual critica a decisão tomada na semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de reconhecer créditos de IPI dos insumos produzidos pela Zona Franca de Manaus.
“Eu não vou criticar o Supremo do ponto de vista jurídico. Agora, do ponto de vista econômico, você devolver impostos que não foram pagos, você não contribui para resolver o problema fiscal brasileiro”, declarou Guedes.
A fala deixa clara mais uma vez a posição dele em relação ao modelo regional de desenvolvimento social e econômico.
Há doze dias, em 17 de abril, em entrevista à Globo News, o ministro provocou terrorismo no Amazonas e nos investidores do Polo Industrial de Manaus, ao demonstrar o “quão fácil” é pôr fim à ZFM sem mexer nos mecanismos constitucionais que a protegem.
No dia seguinte, porém, diante da repercussão negativa da entrevista, Paulo Guedes ensaiou recuo , mas foi rechaçado pelo senador Omar Aziz (PSD), coordenador da bancada federal do Amazonas e presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE).
No dia 24, uma semana depois da entrevista, Paulo Guedes se encontrou com a bancada do Amazonas e tranquilizou os amazonenses dizendo que há compromissos para garantir as vantagens comparativas da Zona Franca de Manaus.
“Existe um compromisso nosso [governo] com o Amazonas, que é justamente garantir as vantagens comparativas da Zona Franca de Manaus. Esse entendimento é muito claro para nós”, afirmou, na ocasião, diante do coordenador da bancada, senador Omar Aziz (PSD), e outros parlamentares federais.
Hoje, porém, ele retornou a artilharia contra a indústria do Amazonas, mostrando sua insatisfação com o julgamento do STF.
Mais grave na nova declaração é que ele informou ao G1 que a decisão do Supremo criará um “buraco adicional” de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões nas contas públicas, o que, segundo ele, “dificulta” a solução do problema fiscal.
Os valores, observou o portal de notícias, estão acima do montante informado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional no julgamento da ação, que estimou gasto adicional de R$ 16 bilhões por ano com a medida.
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Outro detalhe dessa reportagem do G1 é que o ministro usa
dados de campanha passada para jogar a ZFM contra a opinião pública, falando de um déficit fiscal de R$ 139 bilhões, dado bastante usado por Bolsonaro no ano passado.
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado