A PF (Polícia Federal) e a CGU (Controladoria-Geral da União) descobriram, em investigação sigilosa, como funcionava o Consórcio de Governadores do Nordeste e o desaparecimento de R$ 48 milhões, destinados a combater a pandemia de covid-19 (coronavírus) na região. A reportagem é da revista Veja.
De acordo com a publicação, já no primeiro ano da pandemia, enquanto os estados do Nordeste acumulavam mais de 20% das mortes por covid no país, a PF e a CGU investigaram uma rede de compra de equipamentos e materiais hospitalares formada por empresários, atravessadores, estelionatários, amigos de políticos e autoridades públicas (na foto, o governador da Bahia, Rui Costa; e o secretário-executivo do consórcio, Carlos Gabas ).
Conforme a apuração do caso pelos jornalistas Hugo Marques e Laryssa Borges, as ramificações detectadas em transações comerciais do chamado Consórcio Nordeste foram reunidas em inquéritos sigilosos em poder do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Escândalo adormecido
O assunto parecia fadado ao esquecimento, conforme Veja, até o debate entre os presidenciáveis na TV Bandeirantes, no último domingo, 16.
Logo no primeiro bloco, Lula criticou a postura negacionista de Bolsonaro, responsabilizou-o diretamente por pelo menos 400 mil das quase 700 mil mortes registradas no Brasil e repetiu acusações genéricas de corrupção na compra de vacinas.
Em reação imediata, Bolsonaro partiu para o contra-ataque, afirmando que, se houve roubalheira, foi nas compras realizadas pelos governadores do Nordeste , que são ou petistas ou aliados de Lula.
“A CPI não quis investigar 50 milhões (de reais) torrados em uma casa de maconha. Não chegou nenhum respirador, e daí, sim, irmãos nordestinos morreram por falta de ar, por corrupção”, rebateu o presidente.
Leia mais
Serafim sugere ao Amazonas adesão a consórcio do Nordeste para comprar vacina
PGR investiga
Depois disso, o assunto foi deixado de lado no debate, mas tem potencial para ganhar tração nesta reta final de campanha. Motivo: o enredo que permitiu à empresa Hempcare, a tal “casa da maconha” citada por Bolsonaro, fechar um contrato milionário de venda de respiradores para o Consórcio Nordeste está sob investigação da Procuradoria-Geral da República porque, entre outras coisas, o material nem sequer foi entregue.
A revista teve acesso a trocas de mensagens, notas fiscais fraudadas, revelações de colaboradores da Justiça e até recibos de propina que detalham como os recursos públicos foram repassados para os bolsos privados de aproveitadores da tragédia alheia contando com a cumplicidade de quem deveria evitar que isso acontecesse.
Leia mais na reportagem de Hugo Marques e Laryssa Borges, de Veja
Foto: divulgação