O Planalto e o próprio presidente Jair Bolsonaro tentaram criar maneiras de desviar a atenção do que é dito na CPI da covid e desqualificar os integrantes.
Voto impresso, ameaça de convocar as Forças Armadas e ataques ao relator Renan Calheiros foram algumas das estratégias adotadas pelo Planalto e aliados no Congresso.
Bem como, na comissão, quatro senadores aliados buscavam defender o governo ao longo dos seis depoimentos ouvidos. Conforme reportagem do Correio Brasiliense, de hoje (16).
Ainda mais, Flávio Bolsonaro, entrou na trincheira. Foi à CPI para socorrer o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten e chamar Renan Calheiros de “vagabundo”.
Dessa forma, com argumentos ou xingamentos, o Planalto tenta reagir ao avanço da CPI e atingir os integrantes do colegiado.
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Governo e questionamentos
O vice-líder do governo no Senado, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), acredita que o governo tem conseguido responder a todos os questionamentos.
“Boa parte do que foi discutido na CPI a imprensa já tinha levantado, já tinha informado. O Brasil vem melhorando o combate à covid. O barulho que fica é por conta da questão política”, defende.
Apesar dos esforços para conter os avanços da CPI, o cenário permanece muito desfavorável.
Segundo avaliação de cientistas políticos, o desgaste do presidente Jair Bolsonaro é claro. Soma-se aos reveses na CPI a queda de aprovação do presidente, conforme pesquisas de opinião realizadas na última semana.
O Instituto Datafolha indicou uma eventual derrota de Bolsonaro para o ex-presidente Lula, em um cenário eleitoral de 2022.
Ações diversionistas
Cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo, Marco Antônio Carvalho Teixeira também ressalta ações diversionistas, Como exemplo, as lives do presidente e as manifestações marcadas para este fim de semana, em apoio a Bolsonaro.
E ressalta para a participação do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que xingou o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), de “vagabundo”.
O ato foi visto como desespero, mas também como estratégia.
“O governo tem essa estratégia de tensionar pra tentar desviar o foco. Mas a tensão não desviou o foco, e, sim, aumentou. É um tiro no pé”, avalia, dizendo que atos assim aumentam os holofotes sobre a CPI.
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Estratégia calculada
Para o sócio da Hold Assessoria Legislativa, o cientista político André César, o xingamento de Flávio Bolsonaro a Calheiros, por exemplo, é uma estratégia calculada, para repercutir nas redes na bolha bolsonarista.
Ao mesmo tempo em que tenta mobilizar os “três mosqueteiros” (os senadores governistas que integram a CPI): Ciro Nogueira (PP-PI), Marcos Rogério (DEM-RO), Jorginho Mello (PL-SC) e Eduardo Girão (Podemos-CE).
“Toda sessão começa com questões de ordem, tentando tumultuar, postergar, e sempre começa com climão. É parte da estratégia do governo, para cansar os presentes, porque sabem que não são maioria”, diz.
O analista político afirma, no entanto, que os resultados são pífios.
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Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil