O presidente do Instituto Lula , Márcio Pochmann, considerou a participação do presidente Jair Bolsonaro (PL) na Marcha Pró-Jesus, realizada no último sábado (28), em Manaus, uma espécie de vale-tudo na pré-campanha eleitoral.
No mês de março passado, Pochmann foi apontado pelo Índice Científico Alper-Doger (AD-2022) como um dos quatro principais economistas do país e 11º na América Latina.
Ele, que é professor de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e da UFABC (Universidade Federal do ABC), sugestionou que Bolsonaro mentiu descaradamente para os amazonenses no evento.
“Vale tudo. Na Marcha Pró-Jesus, no estado do Amazonas, Bolsonaro disse que nunca fez ou faria nada contra a Zona Franca de Manaus, embora o seu próprio governo patrocina ação na justiça para reduzir o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de 35% para 25%. Em reação, empresas se preparam para ir embora”, disse.
O presidente do Instituto Lula, que avalia a Zona Franca de Manaus como uma “experiência econômica exitosa”, fez referência a uma ação do governo no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o modelo econômico.
Depois de uma liminar concedida pelo ministro Alexandre de Moraes, retirando os produtos fabricados na ZFM dos efeitos dos decretos de redução de IPI, a Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou com recurso para manter a redução do IPI e com efeito na ZFM.
“A Zona Franca de Manaus não é um paraíso fiscal soberano”, afirmou a AGU na ação, o que revoltou setores da política e empresarial do Estado.
Discurso
Contudo, no seu discurso no evento, o presidente disse que a Zona Franca jamais seria atingida por seu governo.
“Ninguém tem o que vocês têm, vocês têm tudo para ser o estado mais próspero do nosso Brasil. Deus nos deu riquezas minerais, biodiversidade, água em abundância e terras agricultáveis. Nós venceremos todos os obstáculos e transformaremos o Brasil melhor para todos”, afirmou.
Os aplausos a ele na marcha estão sendo considerados um aceno também contra a economia amazonense, que depende das vantagens comparativas da Zona Franca garantidas na Constituição. Afinal, é preciso continuar gerando emprego e renda na região.
Foto: Ronaldo Siqueira/exclusiva para o BNC Amazonas