Antônio Paulo , do BNC Amazonas em Brasília
A Confederação Nacional dos Municípios (CNN) reagiu, nesta segunda-feira, dia 12, às declarações de autoridades federais do Ministério da Saúde sobre o estoque de vacinas que estaria sendo feito nos estados e municípios.
O presidente da CNM, Glademir Aroldi, afirmou que não existe estoque de vacinas nas cidades. “As vacinas estão sendo administradas de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, o qual orientou a reserva do imunizante para a aplicação da segunda dose”, disse Aroldi em audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19 do Senado.
Para ele, faltam uma coordenação nacional da estratégia de combate à covid-19 e um mapeamento da propagação das novas variantes. “[Isso] combinado com uma baixa testagem da população, resulta num cenário em que estamos apenas enxugando gelo”, afirmou.
De acordo com o Painel Nacional, até o dia 11 de abril já foram vacinados com a primeira dose mais de 20,5 milhões de brasileiros, e com a segunda dose, 6 milhões.
Diante dos dados, o presidente da CNM observou que, além dos grupos prioritários com vacinação em andamento, é preciso assegurar a vacinação de segunda dose para 14,5 milhões de pessoas.
Ainda para Glademir Aroldi, a diferença que aparece no Painel do Ministério da Saúde, entre doses entregues aos municípios e doses aplicadas na população, não corresponde à realidade.
Ele disse que o ministério lança no sistema como dose entregue assim que libera os lotes e até estas vacinas estarem disponibilizadas para aplicação na ponta, o sistema informa como estoque não aplicado.
Entrega de novas remessas
Outro motivo listado pela CNM foi a incerteza na entrega de novas remessas, o que impõe reservas para a aplicação da segunda dose.
Além disso, a digitalização no sistema das doses efetivamente utilizadas é efetuada apenas nos dias após a aplicação e ainda são várias as reclamações de municípios com problemas de carregamento das informações pelo sistema do Ministério da Saúde, que apresenta grande instabilidade, o que atrasa ainda mais o registro das doses já aplicadas, argumentou.
Aos senadores, o presidente da CNM disse que os municípios brasileiros têm uma capacidade de aplicar 1,5 milhão de doses por dia. E podem ampliar rapidamente esta capacidade.
Vacinômetro do Amazonas
De acordo com dados da Fundação de Vigilância Sanitária do Amazonas (FVS-AM), em todo o estado, já receberam vacinas 644.712 pessoas dos grupos prioritárias. Desse total, 488.803 (63,3%) amazonenses receberam a primeira dose e 155.909 (20,2%), a segunda dose do imunizante.
Além de Manaus, que já vacinou 268.017 (88,5%) pessoas dos grupos prioritários, com a primeira dose, e 68.628 (22,7%), com a segunda dose, os municípios com as maiores e menores taxas de vacinação no Amazonas são:
Taxas de vacinação AM entre 70% e 80% (1ª dose)
• Carauari – 82,3%
• Urucará – 77%
• Fonte Boa – 76,2%
• Benjamin Constant – 72%
• Itamarati – 71,4%
• Guajará – 70,6%
Taxas de vacinação AM entre 20% e 25% (1ª dose)
• Boa Vista do Ramos – 25,2%
• Barcelos – 23,5%
• Codajás – 22,8%
• Manaquiri – 22,7%
• Iranduba – 20,8%
Segunda dose
Com relação à segunda dose de vacina, os municípios amazonenses com as maiores taxas de vacinação, até agora, são: Japurá, Santa Isabel do Rio Negro e Benjamin Constant, que estão entre 40% e 46%.
As menores taxas de segunda dose aplicadas estão em Manaquiri, Iranduba, Codajás e Novo Airão, entre 3% e 5%.
Todas as informações sobre a imunização no Amazonas estão no diário de vacinação da FVS-AM, que está disponível no site da fundação por meio do link https://bit.ly/3aTsndS .
Colapso
Na audiência do Senado, o presidente da CNM também chamou atenção para o colapso do Sistema de Saúde, que, segundo ele, não está ocorrendo somente na rede hospitalar.
“Observamos a mesma situação na rede de atenção básica, constituída como a porta de entrada do SUS (Sistema Único de Saúde) para todos os problemas de saúde dos brasileiros”, afirmou.
Aroldi afirmou aos senadores que a rápida saturação da Rede de Atenção Especializada levou também ao aumento explosivo de atendimentos na atenção primária, válvula de escape para os pacientes que não encontram leitos nos hospitais.
“Desde o início da pandemia estamos realizando semanalmente pesquisas e consultas aos prefeitos para identificar as dificuldades, anseios e necessidades de cada uma das nossas 5.568 cidades. O quadro nunca foi tão dramático como agora”, garantiu.
Hospitais de referência
Segundo levantamento da confederação, nas duas semanas entre o fim de março e início de abril, cerca de 48% dos prefeitos relataram que o hospital de referência da sua região estava em risco iminente de ficar sem medicamentos do chamado kit intubação.
Já no levantamento dessa última semana, que contou com a resposta de 3.169 prefeitos, este percentual recuou para 38,1%.
A diminuição foi atribuída pela entidade às ações implementadas pelos gestores locais em cada município.
Ainda nas duas semanas entre o fim de março e início de abril, o levantamento apontou que 26% dos prefeitos relataram risco iminente de falta de oxigênio. Nesta última semana, este percentual também caiu para 18,6%.
Foto: reprodução/TV Senado