Derrotado, sem grupo, sem mandato, sem perspectiva de poder e com o fantasma do caso Flávio , o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto sofreu um duro golpe nesta quinta-feira, 18.
Ele foi destituído da presidência regional do PSDB-AM. O golpe foi dado pelo presidente nacional do partido, Bruno Araújo, que nomeou para o comando da sigla o senador Plínio Valério.
Plínio e Arthur, em março, entraram o atrito por causa do ex-governador Amazonino Mendes (Cidadania). É que o ex-prefeito queria filiar Amazonino no PSDB para que ele se candidatasse a governador pelo partido. Mas Plínio se insurgiu contra. E bateu o pé dizendo que o cacique disputaria o cargo, mas por outra agremiação.
Passado o pleito em que Arthur foi derrotado ao Senado e que não conseguiu eleger nenhum deputado, o PSDB nacional desfez-se do tucano que já foi secretário-geral da legenda, ministro e líder partidário no Senado.
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Dessa maneira, a deposição de Arthur do cargo ocorreu por meio da Resolução CEN-PSDB n° 048/2022, assinada por Bruno Araújo, que deixa claro quem derrubou Arthur.
Nesse caso, ele explica em dois considerandos. No primeiro, diz que a saída do cacique regional e a entrada de Plínio foi um pedido da bancada do PSDB no Senado. Esta é composta por seis parlamentares.
“CONSIDERANDO a solicitação apresentada pela bancada do Partido no Senado encaminhada a presidência nacional do PSDB; CONSIDERANDO a necessidade de manter a regular representação partidária no estado, RESOLVE”.
E segue:
“Designar nova composição para a Comissão Provisória Estadual do PSDB em Amazonas, que exercerá a competência do Diretório e da Comissão Executiva Estadual, nos termos do art. 44 do Estatuto do PSDB, com a seguinte composição:”
Eis a composição:
Presidente:
Francisco Plínio Valério Tomaz
Secretário-Geral: Francisco Virgílio Melo da Silva Tesoureiro: Celso Castelo Branco Garcia Membro: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto Membro: Sheila Patrícia Rodrigues da Silva Membro: Mario Barros da Silva Membro: Kellen Cristina Veras Felisardo Lopes
Avisado pelo filho
Dessa forma, ato contínuo à sua deposição da presidência do PSDB-AM, Arthur usou as redes sociais para comunicar sua saída do partido.
E fez questão de dizer que o PSDB, sequer, informou-lhe da medida. Disse que ficou sabendo por seu filho. E reiterou: “Soube” “só por ele”, disse acrescentando: “da decisão do PSDB de entregar o comando regional do Amazonas a um grupo de pessoas às quais desejo felicidades, êxitos, distância da corrupção e independência em relação a certos partidos e certos políticos”.
PSDB
Assim, Arthur tinha 33 anos de PSDB . Ele foi um dos fundadores do partido. Por ele, foi eleito deputado federal, senador e prefeito de Manaus. Foi um dos políticos do PSDB mais importante no Congresso Nacional.
Quando Lula se elegeu presidente, em 2002, Arthur virou um ferrenho opositor do petista. Foi ele que comandou a derrubada da CPMF, o imposto do cheque. Com esse episódio, ele repetia que tinha tanta influência no Congresso que fazia o Senado parar.
Mas, sem oxigenar seu grupo, o tucano foi se deteriorando politicamente, desde que voltou à Prefeitura de Manaus, em 2012.
Ele, por exemplo, rompeu com aliados e fechou o partido para novas lideranças.
Agora, dois dias após completar 77 anos de idade, ele perde seu abrigo partidário. A mágoa ele não escondeu em sua despedida:
“Me machucava bastante o coração ver aquele que já foi o melhor – e de mais significativo legado – partido da história republicana brasileira se descaracterizar e se ir transformando numa agremiação parecida com tantas outras”.
Nesse mesmo tom, ele tenta mostrar que há “um bom tempo” já havia pensado em deixar o PSDB.
“Minha lealdade e senso de responsabilidade me impediram, durante um bom tempo, de abandonar o partido que, incontestável e efetivamente, ajudei a construir”.
Em suma, o texto de Arthur não diz se ele ainda pretende entrar num novo partido.
Foto: Divulgação/Semed-Manaus