Para auxiliar o enfrentamento dos casos de coronavírus no Estado do Amazonas, o governador Wilson Lima pediu ao Ministério da Saúde o envio urgente de respiradores, equipamentos de proteção individual (EPIs) e profissionais de saúde.
O pedido do governador foi feito na audiência pública virtual, realizada pela Comissão Externa da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira, dia 23, para debater a situação do coronavírus no Estado do Amazonas.
A solicitação foi feita pelos deputados federais Marcelo Ramos (PL-AM) e Delegado Pablo (PSL-AM), membros da Comissão Externa.
Também participaram da reunião virtual os deputados federais Átila Lins (PP-AM), Capitão Alberto Neto (Republicanos), José Ricardo (PT-AM), Sidney Leite (PSD-AM), Silas Câmara (Republicanos-AM) e o senador Omar Aziz (PSD-AM).
Recursos
Aos participantes da reunião, Wilson Lima disse que o governo federal tem ajudado o estado e já liberou cerca de R$ 40 milhões e também fez desvinculação de fundos.
O governador mencionou ainda o envio de 20 respiradores para ajudar na montagem de novos leitos de UTI. O Ministério da Saúde também mandou 16 profissionais da área de saúde para auxiliar no atendimento das vítimas de Covid-19.
“Mas, essa ajuda ainda é muito pouca. Precisamos de muito mais apoio tanto financeiro quanto de equipamentos”, ressaltou Wilson Lima.
Apoio da iniciativa privada
Ao expor aos parlamentares situação grave por que passa o Amazonas, o governador Wilson Lima registrou o apoio de indústrias do Polo Industrial de Manaus (PIM) no combate ao coronavírus.
Empresas estão construindo respiradores – que estão em fase de testes em animais. Indústrias de concentrados estão doando álcool em gel e tablets para fazer o monitoramento da doença.
Foram citados ainda os apoios dos bancos Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e de hospitais de referência como Sírio Libanês e Albert Einstein.
Comprar respiradores é urgente
A primeira participação da secretária estadual de Saúde, Simone Papaiz, na audiência pública da Câmara dos Deputados, foi fazer um alerta: comprar respiradores é um dos maiores desafios do estado do Amazonas.
“Só vamos ter leitos à medida que conseguirmos a aquisição de ventiladores”, disse a secretária de saúde.
Conforme Simone Papaiz, a projeção é comprar entre 500 e 800 respiradores para atender a 20% da população que poderá vir a contrair o coronavírus e necessitará de atendimento em UTI ou leito clínico.
UTIs nos hospitais
De acordo com a secretária estadual de Saúde, o sistema público conta hoje com 1.039 leitos tanto para Covid-19 quanto para as demais doenças. São 146 leitos de UTI e 446 leitos de enfermaria.
Na rede hospitalar da iniciativa privada, o sistema conta com 173 leitos.
“Mas, precisamos de 2.190 leitos, pensando em 5% da população que pode vir a precisar de tratamento”, destacou a secretária.
De acordo com a Secretaria de Saúde, há em todo o estado do Amazonas 6.071 leitos para atender a capital e os municípios.
Em resposta ao presidente da Comissão Externa, Simone Papaiz disse que nenhum município do interior do estado possui UTI.
“À medida que ampliarmos o número de UTIs e essas forem sendo liberadas em Manaus, vamos enviá-las aos municípios que necessitarem”, informou a secretária estadual de saúde.
Preocupação com o interior
Na audiência, o governador Wilson Lima disse que outra grande preocupação é com o interior do estado. Já são 32 municípios com registros de casos de coronavírus confirmados. Ele Manacapuru como um dos municípios mais preocupantes.
Wilson Lima disse que as medidas de contenção, como viagens de barcos de outros acessos ao interior, vão continuar. Ele pediu que os prefeitos também façam o mesmo.
Parceria da Prefeitura de Manaus
Convidado para a audiência pública, o prefeito de Manaus Arthur Neto citou as ações que a o município está realizando para ajudar a conter o coronavírus.
Ele citou o decreto municipal que só permite pessoas sentadas nos ônibus de transporte coletivo. E também a construção do hospital de campanha Gilberto Novaes.
Preocupado com o aumento exponencial dos casos de Covid-19, Arthur Neto cobrou mais recursos do governo federal. Disse que fez esse pedido ao vice-presidente Hamilton Mourão.
“O pior ainda estar por vir. Os especialistas dizem que o pico da doença é partir de 15 maio e vai se estender até junho. Precisamos somar unir esforços e é o que a Prefeitura de Manaus está fazendo com o Governo do Estado”, disse Arthur.
Leitos disponíveis em Manaus
O secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi, informou à comissão que o hospital de campanha construído pela Prefeitura de Manaus dispõe de 59 leitos, sendo duas salas de UTIs com 38 leitos de terapia intensiva e 21 leitos de semi-intensiva.
Mas, a projeção da Semsa é chegar à capacidade total do hospital de campanha com 279 leitos de UTIs.
“Para que essa projeção ocorra, é preciso que o Ministério da Saúde envie mais respiradores para a cidade de Maunaus”, pediu Magaldi.
A Prefeitura de Manaus também está investimento em recursos humanos, contratando profissionais, pagando horas extras aos que já estão em atividade e ampliando as bolsas para os residentes.
Segundo Magaldi, foram chamados 500 bolsistas da Escola de Saúde Pública do município.
Isolamento social
Aos membros da Comissão Externa da Câmara, o prefeito Arthur Neto criticou tanto o presidente Bolsonaro como outros governantes que apoiam e incentivam a população a irem às ruas.
“A nossa cidade ainda não tem condições de fazer abertura total como em outras cidades porque o pico da doença nem chegou a Manaus”, declarou.
O prefeito disse acreditar que um dos motivos da explosão dos casos em Manaus e no interior do Amazonas é o baixo isolamento social.
“No último feriado (21 de abril), os bairros de Manaus pareceriam que estavam em festa de tanta gente nas ruas. Mais pessoas nas ruas, mais gente vai adoecer. Temos que ficar em casa”, disse Arthur.
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), José Bernardes Sobrinho, o isolamento social que está sendo incentivado no Amazonas e no país só serve para as classes média e alta.
“Para a maioria da população (60%), que mora em uma casa de três cômodos com oito pessoas, como vai fazer distanciamento social? Se uma pessoa é contaminada, todos vão pegar a doença”. Disse o médico.
Sobrinho sugeriu ao governador Wilson Lima e ao prefeito de Manaus, Arthur Neto que abram estruturas como escolas, ginásios e outros equipamentos para fazer o isolamento das pessoas infectadas e separá-las de suas famílias.
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