Com maioria formada nesta segunda-feira (2/12), o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a liberação do pagamento das emendas parlamentares, suspensas desde agosto. A decisão, tomada em sessão virtual liderada pelo presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, reforça os critérios de controle e rastreamento impostos pelo ministro Flávio Dino. Até o momento, o placar estava 7 a 0, com quatro ministros ainda por votar.
A liberação, no entanto, ocorre em meio a tensões entre o Executivo e o Parlamento. O pagamento das emendas é visto como moeda de troca para assegurar apoio às medidas do governo no Congresso, evidenciando uma dinâmica de barganha política que permeia o cenário atual.
Transparência e condições para liberação
As emendas parlamentares, especialmente as chamadas “emendas PIX”, têm sido alvo de críticas devido à falta de rastreabilidade. Essas transferências diretas para estados e municípios totalizaram R$ 186,3 bilhões entre 2019 e 2024, segundo Flávio Dino, provocando o que ele descreveu como “desarranjo institucional”.
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Para evitar abusos, o STF condicionou a liberação a novas regras de transparência, como a obrigatoriedade de planos de trabalho aprovados previamente e o registro nominal dos parlamentares responsáveis por emendas coletivas a partir de 2025. Além disso, o crescimento anual dos valores estará limitado por critérios fiscais rigorosos.
Contexto político: barganha em jogo
Nos bastidores, a decisão do STF reflete o equilíbrio delicado entre Judiciário, Executivo e Legislativo. Enquanto a Corte busca garantir a legalidade e transparência dos repasses, o governo utiliza as emendas como ferramenta para consolidar sua base de apoio parlamentar. Essa barganha política torna as emendas não apenas um instrumento orçamentário, mas também um eixo estratégico de governabilidade.
Próximos Passos
Uma nova lei sancionada em novembro pelo presidente Lula estabelece que as emendas priorizem políticas públicas, com maior rigor no planejamento e execução. A articulação, desenvolvida em conjunto com o Congresso, visava atender às exigências do STF e destravar os recursos, equilibrando interesses políticos e legais.
Essa movimentação evidencia o papel central das emendas no funcionamento político brasileiro, expondo o delicado jogo de poder que molda as decisões no país.
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Foto: Antonio Augusto/STF