Tour com Mourão no AM não muda opinião da Alemanha sobre Bolsonaro

O embaixador da Alemanha afirmou que não há previsão para a retomada das transferências ao Fundo Amazônia ou para a ratificação do acordo de livre comércio

Tour com Mourão no AM não muda opinião da Alemanha sobre Bolsonaro

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 11/11/2020 às 17:32 | Atualizado em: 11/11/2020 às 21:04

O embaixador Heiko Thoms, representante da Alemanha no Brasil, considerou a vigem ao Amazonas, promovida na semana passada pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, positiva para ampliar o diálogo com o governo brasileiro.

No entanto, ele acrescentou que o passeio não mudou em nada a percepção da Alemanha sobre o governo Bolsonaro no tocante ao meio ambiente.

O embaixador afirmou que não há previsão para a retomada das transferências ao Fundo Amazônia.

E também não tem prazo para a ratificação do acordo de livre comércio entre os dois blocos.

A Alemanha e a Noruega são os maiores doadores do Fundo que tem bloqueados cerca de R$ 3 bilhões. Os recursos seriam utilizados em projetos de desenvolvimento sustentável e combate ao desmatamento na Amazônia.

Os dois países não aceitaram a tentativa do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de alterar o conselho do Fundo e bloquearam a transferência dos recursos.

 

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Falta plano

Para o embaixador, que esteve na comitiva de Mourão, o governo brasileiro não tem um plano de ação para reduzir o desmatamento e as queimadas que inclua medidas concretas e metas.

Disse que sem apresentar uma redução nos números do desmatamento, não haverá mudança no entendimento do país europeu.

“O governo [brasileiro] está informado sobre o desmatamento e os incêndios, sobre onde estão e quão grande é o problema. Há instrumentos para combater. E há órgãos governamentais muito bons. Mas esses instrumentos precisam ser utilizados, e de uma maneira coerente”, disse ele à Deutsche Welle, emissora independente alemã.

“Para isso, você precisa de um plano de ação de longo prazo, com medidas concretas, cronogramas e metas numéricas. Isso não existe no momento”, completou.

A DW lembrou que o tour promovido pelo vice-presidente incluiu as cidades de Manaus, São Gabriel da Cachoeira e Maturacá, próxima à fronteira com a Venezuela, e passou longe do arco do desmatamento, nas fronteiras leste e sul da Amazônia, onde ocorrem hoje os maiores danos à floresta, ressalta Thoms.

O embaixador revelou que Mourão se comprometeu a organizar uma nova viagem com os diplomatas a essas áreas.

*Com informações da DW Brasil

 

Foto: Twitter do Vice-Presidente @GeneralMourao