‘Venda da Eletrobrás vai prejudicar os mais pobres do Norte e Nordeste’

A privatização da estatal deve aumentar o preço da energia em ambas regiões

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 18/05/2022 às 23:59 | Atualizado em: 19/05/2022 às 10:09

O presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Eletronorte, deputado federal Zé Carlos (PT-MA), disse que a privatização da Eletrobrás vai ter grande impacto nos brasileiros mais humildes das regiões Norte e Nordeste do país.

Nesta quarta-feira (18), os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) autorizaram o governo federal a dar prosseguimento à capitalização da estatal, processo pelo qual deixará de ser acionista majoritário.

“No Norte e Nordeste, onde nós temos as populações mais pobres do país, serão as regiões mais prejudicadas após a entrega na mão dos estrangeiros de uma instituição importante”, disse o deputado ao BNC Amazonas.

O parlamentar, que participou nesta quarta-feira de uma manifestação promovida pelos eletricitários em frente à sede do TCU, considerou a venda da estatal um crime institucional, social e político.

“Os parlamentares que deixaram isso prosseguir agiram contra os que os elegeram, o povo não quer a privatização da Eletrobrás”.

O coordenador-geral do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), Nailor Gato, concordou com o parlamentar. De acordo com ele, indústrias eletrointensivas como Alcoa e Alumar oferecem energia subsidiadas às duas regiões.

“Quando elas se instalaram no Brasil pagaram uma tarifa menor para que seus produtos pudessem ser competitivos em relação ao mercado internacional, o que fez gerarem extraordinário número de empregos. Mas, sem contrapartida, levarão suas plantas para outros países”, disse o eletricitário.
Gato diz ainda que o processo de privatização levará à descotização das hidrelétricas da Eletrobrás, o que também elevará o preço da energia na região.

O valor da energia das usinas cotistas no ano passado ficou em R$ 110/MWh, enquanto o preço médio dos contratos do mercado regulado era de R$ 313/MWh.

Como a energia é o principal insumo da indústria, o eletricitário também vê problemas para as indústrias da Zona Franca de Manaus (ZFM), apesar da ligação da capital ao sistema nacional.

Com relação ao interior do estado, o maior obstáculo é o preço do combustível que move as usinas termelétricas.

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Foto: Divulgação/Amazonas Energia