O 1º vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (sem partido-AM), decidiu se filiar ao PSD por querer se manter em um partido de centro e por avaliar que sua nova legenda se afastou definitivamente do bolsonarismo. Ele anunciou a decisão nesta quinta-feira (03/02/2022).
“Tem fatores que foram fundamentais na minha decisão. O PSD me coloca no lugar onde eu quero estar na política, que é no centro. […] E é um partido que não tem risco de se aproximar de [Jair] Bolsonaro”, disse. O ato de filiação está marcado para a próxima quarta-feira (09), em Brasília.
Ramos deixou o PL no ano passado justamente depois do presidente Jair Bolsonaro se filiar à legenda. Na época, argumentou que a entrada do presidente em seu antigo partido levou a uma “mudança de rumos” na sigla e ele passou a ser visto “com descrédito” por seus correligionários por causa de suas críticas ao governo federal.
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Em entrevista ao Poder360 nesta quinta-feira (03), Ramos disse também que o PSD, comandado por Gilberto Kassab , reúne quadros políticos de relevância nacional, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes , e dará boas condições políticas no Amazonas para que ele tente se reeleger como deputado federal. A entrevista foi gravada no gabinete do deputado na Câmara.
Ramos tem 48 anos. Está em seu 1º mandato. Logo que assumiu uma cadeira na Câmara, foi escolhido pelo seu antigo partido para presidir a comissão especial da Reforma da Previdência, o que lhe deu ampla exposição.
O deputado é vice-presidente da Casa desde 2021. A chapa com o atual presidente, Arthur Lira (PP-AL), chegou ao topo da Câmara com apoio do governo Bolsonaro.
ELEIÇÕES 2022
Na entrevista, Ramos avaliou que o PSD vai manter seu projeto de ter um candidato próprio à eleição presidencial como medida de reafirmação de sua independência, embora tenha se reaproximado consideravelmente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A legenda anunciou a pré-candidatura de Rodrigo Pacheco, mas o presidente do Senado tem dado sinais de que pode desistir. Seu nome ainda não decolou nas pesquisas e ele teme que um resultado ruim nas urnas possa impactar negativamente sua tentativa de se reeleger ao comando do Senado. Neste cenário, outro nome ventilado pelo próprio Kassab é o do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).
O deputado também disse não acreditar que o partido abrigará o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin para que ele seja vice de Lula porque a sigla quer reafirmar sua independência.
“Uma coisa é o PSD fazer uma composição em algum momento com Lula e indicar alguém do PSD para lá. Outra coisa é Lula colocar alguém do PSD para ocupar a vaga que é do PSD. Um partido que quer reafirmar a sua independência não vai se permitir [a isso]. E eu acho que o PSD não se permitirá isso”, disse.
Questionado sobre como o seu novo partido deve se comportar em um eventual 2º turno entre Lula e Bolsonaro, Ramos disse acreditar que o PSD estará com o petista.
“Não tenho dúvidas e, se tivesse, não teria me filiado, de que em um 2º turno como esse, o PSD está muito mais próximo do que significa o Lula do que o que significa o Bolsonaro para o futuro do Brasil”, disse.
O deputado também criticou a proposta apresentada por Lula de desatrelar os combustíveis do dólar. Para ele, a medida pode até baixar os preços, mas irá derrubar o valor de mercado da Petrobrás. Ele defende que outros mecanismos sejam adotados. Alguns devem ser discutidos ainda neste ano pelo Congresso.
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Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados