O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), disse que viaja a Brasília hoje, dia 22, para se reunir com governadores da Amazônia e vai fazer um apelo pela união em defesa da Zona Franca de Manaus (ZFM), alvo de ataque declarado do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Segundo Wilson, na entrevista exclusiva ao programa “Manhã de Notícias”, da Rede Tiradentes, nesta segunda, Guedes tem de fazer muito mais do que assegurar as garantias constitucionais da ZFM, mas impedir que a competitividade das empresas seja prejudicada em medidas do governo, como a reforma tributária, por exemplo.
“O que falta ao ministro é ele entender essa importância que a Amazônia tem, é ele entender e ouvir o estado do Amazonas. Ele precisa vir ao Amazonas entender o que a gente fala quando diz que “a ZFM é um modelo econômico de desenvolvimento regional que preserva a Amazônia e que, sobretudo, gera emprego e renda”, afirmou.
O governador disse que vai colocar o pé na porta e afirmar a Guedes: “Ministro, não é assim como o senhor tá pensando”.
Avaliando se é a hora de esticar a corda com o ministro, por acreditar no diálogo, Wilson disse que é preciso ter uma conversa muito franca com Guedes porque “é preciso que o Amazonas seja respeitado. A gente tem de ser firme, como tenho sido muito firme nas nossas colocações com relação à defesa da Zona Franca de Manaus”.
Para Wilson, acabar com a ZFM significa quebrar o estado porque não há, em curto e médio prazos, um modelo que possa substituí-la. “Hoje a ZFM representa 80% das atividades econômicas. Se a gente perde a zona franca, onde é que vamos colocar todo esse povo, onde é que vamos empregar?”.
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Fórum nacional
Além da reunião com os pares da Amazônia, Wilson tem na agenda em Brasília participação no fórum de governadores do país e um encontro com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, com o qual voltará a tratar das obras para a BR-319 e porto em Manaus.
Os 100 dias
Na avaliação do governador, os primeiros 100 dias de seu governo foram exitosos. Wilson disse que está conseguindo equilibrar as finanças entre as receitas e despesas da máquina do estado.
Sobre setor de saúde, que foi o que disse ter recebido com o maior volume de problemas, o governador afirmou que está em dia com o pagamento de empresas e cooperativas e ampliando os serviços.
A terceirização do hospital Delphina Aziz e da UPP Campos Sales, nas zonas norte e oeste, representa a reestruturação da saúde, economia de recursos e desafogo dos serviços de outras unidades. Hoje operando com 30% da sua capacidade, o Delphina vai estar funcionando totalmente até o final do ano, segundo Wilson.
“Os 100 dias são muito positivos. Fizemos contingenciamento de 20% dos recursos de secretarias, corte de diárias e passagens, controle de combustível, aluguel de imóveis e veículos, que deu economia de R$ 82 milhões”, disse.
Greves e reajustes
Wilson reafirmou o que já declarou em outras oportunidades: está impedido pela lei de dar reajuste acima da reposição anual da inflação, o chamado ganho real reivindicado por servidores.
É o caso dos professores, para quem o chefe do Executivo disse que já chega a mais de 14% os reajustes desde janeiro. Ele se refere a aumento concedido em janeiro, reposição de atrasados que foram acordados com o governo anterior, e de 3,9% que oferece como data-base deste ano.
Afirmou que tem mantido o diálogo e que ainda não recebeu pessoalmente a categoria porque eles, os professores, não definem um representante com interlocutor. “Aí fica muito difícil o diálogo, mesmo assim estamos conversando com todos esses grupos que se dizem representantes dos professores”, disse.
“Tenho limitações financeiras e da Lei de Responsabilidade Fiscal. Se eu der 1% a mais de reajuste eu vou responder criminalmente por isso. Estamos fazendo de acordo com o que diz a lei”, afirmou o governador.
Sobre os peritos da Polícia Civil, que decidiram fazer uma paralisação de advertência nesta segunda, Wilson disse que mandou fazer levantamento sobre a categoria que apontou que no ano passado tiveram reajuste de 98%, o maior de todos os que foram concedidos aos servidores pelo governo. E que vai sentar para dialogar e ouvir as demandas.
“Você vive nesse limiar do que é legal e atender as necessidades do cidadão”, disse.
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Nada de lua de mel, só críticas
Wilson se queixou que não teve nada de lua de mel nesses 100 dias de governo.
“Não teve nenhum carinho. A gente já começou o governo com várias crises. Críticos se levantaram e tinham como objetivo apenas criticar, a crítica pela crítica, independente do resultado que apresentava”.
O consignado
O governador explicou que a suspensão da possibilidade de os servidores realizarem empréstimo consignado se deve a uma ação na Justiça da empresa que foi derrotada na licitação.
Uma nova concorrência deve ser lançada se a Justiça decidir anular a licitação que foi feita. E até que isso aconteça, se for essa a decisão, Wilson disse que pretende contratar provisoriamente uma instituição financeira para a volta dos empréstimos.
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Papo reto com Bolsonaro
A presença do superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa) ao lado do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e de Wilson durante encontro em Brasília há 11 dias foi só figuração mesmo.
Como tinha ficado a impressão que a Suframa tivesse tido participação na marcação do encontro, o governado esclareceu que foi sua própria assessoria que cuidou da agenda com Bolsonaro.
Eleições 2020
Wilson disse que ainda não está tratando de candidato à Prefeitura de Manaus em 2020. “Ainda não parei pra pensar, acho muito cedo. Não estou trabalhando com isso”.
O vice
O governador afirmou que seu vice, Carlos Almeida Filho, tem sido alguém muito parceiro. E que por isso, o colocou na Casa Civil, para estar mais próximo e organizar contratos.
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Arrecadação fiscal
De acordo com Wilson, o estado teve em janeiro aumento de 11% na arrecadação tributária em relação a igual período de 2018, fevereiro empatou e março começou a descer.
Veja a entrevista, na íntegra
Foto: Reprodução/TV Tiradentes