Pelo menos 92 políticos ou altos funcionários governamentais da América Latina criaram empresas offshore com a ajuda dos 14 escritórios de advocacia que estão na origem dos Pandora Papers.
Os Pandora Papers são 11,9 milhões de documentos confidenciais que se tornam públicos pela primeira vez graças a uma investigação global coordenada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês).
Esses documentos comprovam os negócios, as estruturas e as transações imobiliárias e acionárias de indivíduos que há décadas vêm definindo as políticas públicas da América Latina, a região mais desigual do mundo.
Leia mais
Alguns deles continuam em seus cargos ou mantêm posições muito próximas do poder .
Outros passaram à atividade privada. Numa reportagem, o EL PAÍS reúne os mais destacados dentre aqueles que os veículos integrantes do CICJ revelaram no domingo (3).
As chamadas empresas offshore, com sede em outro país que não o domicílio fiscal de seus administradores, são legais, desde que seu proprietário as declare às autoridades do local onde reside.
Frequentemente, no entanto, elas são estabelecidas em alguma jurisdição com legislação opaca, os chamados paraísos fiscais, para se aproveitar da pouca ou nula tributação e das regras de confidencialidade.
Servem, em linhas gerais, para ocultar e blindar jurídica e tributariamente o verdadeiro dono de determinados ativos que podem ser financeiros, mas também podem assumir a forma de imóveis, obras de arte ou veículos.
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) calcula que até 27% dos ativos financeiros latino-americanos sejam desviados para offshores, o que representa o equivalente a 118 bilhões de reais em arrecadação fiscal perdida a cada ano.
Mais de 600 jornalistas de 117 países analisaram durante dois anos os 11,9 milhões de documentos.
Sites independentes, grandes jornais, repórteres freelance e canais de TV tiveram acesso aos mesmos registros que revelam negócios até agora desconhecidos em sua maioria.
Os veículos associados a cada mandatário ou empresário são os que, desde o começo, conduziram a investigação em seus respectivos países.
Leia mais no Metrópoles.
Foto: Reprodução