Todos já ouvimos falar, em algum momento, da importância das ações de reflorestamento para o meio ambiente e para a sociedade, tema que ganha cada vez mais destaque, ante a preocupação do mundo com as mudanças climáticas no planeta.
O reflorestamento é o plantio de árvores em locais onde costumava haver vegetação, destruída com o passar do tempo e muitas vezes sem capacidade de recuperação natural. É uma das maneiras mais eficazes para recuperar as áreas degradadas, resgatando o equilíbrio do ecossistema e melhorando a qualidade de vida no local.
São vários os benefícios do reflorestamento, dentre eles, a restauração das áreas verdes e a consequente redução da poluição, a proteção da fauna e da flora, e da superfície do solo, diminuindo os riscos de erosão, de deslizamento de terras.
A ação é de grande importância no combate às mudanças climáticas. As atividades de reflorestamento promovem o sequestro de CO2 da atmosfera. E a diminuição da concentração de CO2 ajuda no combate à intensificação do efeito estufa.
Uma equação com resultados palpáveis e que o Governo do Amazonas traz para a prática, no novo Programa Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+), lançado na atual gestão e já em andamento.
Da área total de intervenção urbanística prevista no novo programa, 445.596,31 m², 39%, cerca de 172 mil m² passarão por reflorestamento e por ações de paisagismo, utilizando espécies nativas da região. A previsão é de que 10.362 mudas de árvores sejam usadas no reflorestamento e outras 2 mil no paisagismo.
A área do Prosamin+ compreende dois trechos projetados ao longo do Igarapé do 40, entre a avenida Rodrigo Otávio, na área conhecida como Manaus 2000, no bairro Japiim, zona sul, e a comunidade da Sharp, no bairro Armando Mendes, na zona leste.
O reflorestamento na comunidade da Sharp, área de maior intervenção do programa, total de 318.511,75m², será de 100.891,19 m², o equivalente a 31,68% da obra. No local, serão plantadas 9.277 mudas de árvores nativas e serão feitos 33.955,80 m² de paisagismo, com a introdução de 1.162 mudas.
Na região da Manaus 2000, que tem 127.084,56m², serão reflorestados 9.413,56 m² (7,41% da área), com 1.085 plantas de espécies nativas. Serão 28.404,75 m² para o paisagismo, com a plantação de 807 mudas.
A ideia é criar no local uma conectividade com fragmentos de florestas existentes, de forma a ajudar na melhoria do microclima e da vida silvestre. Um deles é a área de Proteção Ambiental (APA) Manaós, pertencente à Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e que é considerado o terceiro maior fragmento de área verde urbana do mundo.
Com isso, vamos estar também contribuindo para melhorar a qualidade de vida na cidade. Manaus ocupava o penúltimo lugar em condições urbanísticas no entorno dos municípios, entre as 14 capitais brasileiras com mais de um milhão de habitantes, em publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que serviu para contextualizar a qualidade das condições de moradia da população, no último Censo de 2010.
A arborização nos logradouros públicos foi um dos fatores avaliados. A contribuição do Prosamin+ será de fundamental importância para que a cidade supere essa condição. O programa vai contribuir para melhorar o microclima local e reduzir as ilhas de calor nas áreas de abrangência. Num contexto maior, contribuir para que a cidade melhore seus índices de arborização urbana e as condições de moradia da população.
A nova etapa do Prosamin+ é uma realidade e os trabalhos já iniciaram. O financiamento para as obras, de US$ 80 milhões, já foi aprovado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e aguarda somente a última fase, que é o aval do Senado. A contrapartida do Governo do Estado é de US$ 30 milhões, recursos que permitiram já dar início ao projeto, enquanto a tramitação ocorre no Senado.
Os espaços verdes, sem dúvida nenhuma, serão uma das marcas do projeto, que prevê, também, a canalização do igarapé, obras viárias, sistema de coleta e tratamento de esgoto, drenagem urbana, ciclovias, construção de conjuntos habitacionais, parques e praças, quadras poliesportivas, equipamentos públicos e pontos comerciais a serem explorados pelos moradores. O programa vai reassentar 2.580 famílias, que hoje moram em áreas sob risco de alagação e desabamento e que passarão a ter moradia segura e digna.
O reflorestamento urbano é um dos diferenciais no novo programa. Nas etapas anteriores, o plantio de árvores fazia parte do projeto paisagístico. Nas demais áreas era feito o que se chama de “criação de solo”, para implantação dos parques urbanos, praças, conjuntos residenciais e outros equipamentos públicos.
Hoje, na nova gestão do Governo do Amazonas, o tratamento é diferente. Entre 2019 e 2020, a UGPE já começou a adotar o novo conceito, em experiência que deu muito certo em um trecho do Prosamim III, no Bariri, zona oeste. Ali, foram plantadas 486 mudas nativas. No Prosamin+, o trabalho foi ampliado por determinação do governador Wilson Lima, contemplando o reflorestamento no projeto completo.
Além de ambientalmente correta, a decisão do governador representa mais economia para os cofres públicos. Para criar solo novo para poder construir os equipamentos públicos, é preciso retirar o material imprestável e levar para outro lugar, fazer terraplenagem e todo um processo que encarece a obra.
O reflorestamento é uma medida inteligente e que coloca o Amazonas, mais uma vez, em sintonia com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), na questão ambiental. O estado se mantém na linha da Agenda 2030, adotando como prática os conceitos da sustentabilidade.
O autor é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), órgão que gerencia as obras do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus e Interior (Prosamin).
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