Golpe de 64: generais ganharam cidadania do Acre sem pisar no estado

O Acre concedeu cidadania e batizou locais públicos com nomes de figuras da Ditadura Militar. O MPF-AC questionou tais homenagens, buscando reconhecer as vítimas e promover a justiça.

Publicado em: 01/04/2024 às 20:46 | Atualizado em: 01/04/2024 às 20:46

O Acre concedeu a cidadania acreana, honraria simbólica, ao marechal Humberto de Alencar Castelo Branco e general Emílio Garrastazú Médici, figuras centrais da Ditadura Militar brasileira. Apesar de nunca terem pisado em solo acreano, ambos receberam a homenagem por serem mandatários do país, sem qualquer ligação ou contribuição para o desenvolvimento do estado.

Legado manchado

Castelo Branco, presidente entre 1964 e 1967, foi homenageado em 1965. Já Médici, no poder entre 1969 e 1974, recebeu a honraria em 1973. Ambos os nomes também batizaram locais públicos no Acre, perpetuando seus nomes na memória do estado.

Responsabilidades e reparação

Em 2023, o Ministério Público Federal do Acre (MPF-AC) ajuizou ação civil pública pedindo a retirada de todas as homenagens a figuras da Ditadura. A ação reconhece os graves crimes e violações de direitos humanos cometidos durante o regime, buscando reparar a memória das vítimas e promover a justiça.

Um passado recente

Em 1964, o Acre era um estado recém-criado. José Augusto de Araújo, primeiro governador eleito democraticamente, foi deposto pelos militares em maio de 1964, após ser acusado de “subversivo” e “comunista”. A renúncia forçada e o exílio marcaram um capítulo sombrio na história do estado.

Reflexão e aprendizado

A revisão de homenagens a figuras da Ditadura Militar é fundamental para reconhecer as atrocidades cometidas e construir um futuro mais justo e democrático. O Acre, ao revisitar seu passado, demonstra compromisso com a verdade e a memória histórica, buscando construir um futuro livre da sombra da repressão.

Outras figuras homenageadas

O MPF-AC também questionou homenagens a Paulo de Tarso Dutra, ministro da Educação durante a Ditadura e responsável por medidas repressivas contra estudantes.

Um novo olhar

A iniciativa do MPF-AC abre caminho para uma reavaliação crítica do passado, promovendo o debate sobre a memória e a justiça histórica no Acre.

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Foto: reprodução