Revolta contra a Igreja Universal na África preocupa lideranças

Neuto Segundo

Publicado em: 04/11/2019 às 15:16 | Atualizado em: 04/11/2019 às 15:16

A cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) tenta conter uma revolta popular que provocou a depredação de vários templos da igreja e a morte de um adolescente em São Tomé e Príncipe, um dos 23 países africanos onde a denominação brasileira está presente.

A crise — que envolveu chefes de Estado africanos, mobilizou congressistas brasileiros e o Itamaraty — pode resultar na expulsão da Iurd de São Tomé e Príncipe, uma ex-colônia portuguesa insular com cerca de 200 mil habitantes no oeste da África.

O imbróglio teve início em 11 de setembro, quando um pastor são-tomense da Universal foi preso na Costa do Marfim, acusado de ser o autor de mensagens que denunciariam supostos abusos da igreja contra funcionários africanos.

 

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Segundo a Iurd, que havia denunciado as mensagens à polícia marfinense, os textos continham “mentiras absurdas e calúnias” sobre a igreja, divulgados por aplicativos de conversas e por um perfil falso no Facebook.

O são-tomense preso, Iudumilo da Costa Veloso, virou pastor da Universal em seu país natal, mas foi transferido há 14 anos para a Iurd da Costa do Marfim. Nove dias após ser detido, ele foi considerado culpado pelas mensagens e condenado a um ano de prisão.

Os textos atribuídos a ele acusavam a Iurd de privilegiar pastores brasileiros e discriminar clérigos africanos. Segundo os posts, a Universal impedia muitos pastores africanos de se casar ou os obrigava a fazer vasectomia para que não tivessem filhos — assim, poderiam se dedicar integralmente à igreja.

O autor também acusava bispos e pastores brasileiros de se apropriar de dízimos recebidos pela igreja, além de “humilhar, insultar, esmagar e escravizar os (pastores) africanos”.

O autor conclamava os funcionários locais a se insurgir contra a igreja. “Éramos muito pacientes, humildes demais, educados demais. Agora é hora de agir sem piedade!”, diz um dos textos, em francês, língua principal da Costa do Marfim.

Veloso confessou à polícia a autoria das mensagens. A defesa do pastor diz, no entanto, que ele é inocente e foi induzido a assumir a responsabilidade na expectativa de ser solto.

 

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Foto: Divulgação/Igreja Universal Reprodução do portal MSN