Apesar da crise, estados e municípios estão com cofres cheios
Trata-se da maior disponibilidade de caixa para prefeitos e governadores em ao menos 19 anos

Ednilson Maciel, da Redação do BNC AMAZONAS
Publicado em: 10/02/2021 às 09:40 | Atualizado em: 10/02/2021 às 09:40
Apesar da crise provocada pelo coronavírus (covid-19), estados e municípios fecharam 2020 com quase o dobro de dinheiro em caixa em relação ao ano anterior.
Segundo dados do Tesouro Nacional e do Banco Central, o saldo de estados e municípios passou de R$ 42,7 bilhões em 2019 para R$ 82,8 bilhões, no fim do ano passado, uma alta de 94%.
Conforme o G1, trata-se da maior disponibilidade de caixa para prefeitos e governadores em ao menos 19 anos.
No entanto, é insuficiente. É oque afirma o presidente do Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), Rafael Fonteles, secretário da Fazenda do Piauí.
De acordo com Fonteles, a melhora do caixa dos estados é “absolutamente transitória”.
Três eventos
Ainda mais, segundo o presidente do Comsefaz, três eventos extraordinários trouxeram “fôlego” aos estados e municípios, sendo eles a transferência realizada pela União, o pagamento do auxílio emergencial e a suspensão da dívida dos estados.
“É uma melhora real, porém, passageira, absolutamente transitória. A preocupação com a situação fiscal dos estados continua”, declarou Fonteles.
Ao todo, estados e municípios receberam R$ 60 bilhões em quatro parcelas, pagas entre junho e setembro, segundo os dados do Tesouro.
Como contrapartida, os entes da federação ficaram proibidos de conceder reajustes salariais aos servidores até o fim de 2021.
Essas transferências foram o segundo maior gasto do governo federal no combate à Covid-19. Só ficaram atrás do auxílio emergencial, que custou R$ 293 bilhões e beneficiou quase 68 milhões de pessoas.
Dívidas
Além dos repasses, estados e municípios tiveram, ao longo de 2020, a suspensão do pagamento das dívidas com a União, no valor de R$ 65 bilhões. Ou seja, no total, o pacote de ajuda se aproximou dos R$ 125 bilhões.
Mas, sem a previsão de novas transferências e sem a definição de uma nova rodada de pagamento do auxílio emergencial, a situação do caixa de estados e municípios pode voltar a se deteriorar.
Fonteles argumenta que os estados voltaram, a partir de 1º de janeiro, a pagar as parcelas da dívida que têm com a União.
Dessa forma, no mês passado, o Comsefaz pediu, em carta ao Poder Legislativo, a prorrogação das medidas econômicas para o enfrentamento da segunda onda da pandemia de covid-19.
Nesse cenário, o governo federal fechou 2020 com um rombo de R$ 745,3 bilhões nas contas públicas. Já estados e municípios foram na contramão e terminaram o ano com as contas positivas.
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Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil