Na eleição que escolheu o ex-deputado federal e ex-ministro Bruno Araújo (PE) como presidente nacional do PSDB, nesta sexta-feira, dia 31, em Brasília, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, pregou que “o PSDB não pode ter dono”, “tem que redefinir identidade” e defendeu o parlamentarismo, momento em que foi aplaudido.
“Avançar para a plena maturidade democrática seria retornarmos ao verdadeiro ‘P’ que me fez entrar nesse partido. Nós temos que fazer ressurgir a luta pelo parlamentarismo no Brasil”, discursou.
Segundo ele, o sistema parlamentarista garante a estabilidade política necessária ao enfrentamento de crises, diferentemente do sistema presidencialista.
“Estamos vendo um país em crise e em turbulência na sua relação com o Congresso. O presidencialismo tem esse condão de esticar as crises, de torná-las maior. Então, além de vir votar no Bruno, eu também fico feliz de trazer de volta ao partido a ideia de liderar o processo das reformas [da previdência e tributária] e da implantação do parlamentarismo no Brasil”.
Arthur se referia que agora o partido é comandado pelos “cabeças-pretas” aliados do governador de São Paulo, João Dória, que bancou o nome de Araújo de olho no Palácio do Planalto em 2022.
O prefeito disse que o PSDB não é mais o partido que polariza e cobrou “que nunca mais se realize eleição para presidente da República sem prévias duras” e fez autocríticas.
“Que saiam daqui notícias das vaias, das divergências, mas que tem um jovem de valor que assume a presidência do PSDB”, disse Arthur.
Na eleição presidencial, Arthur rompeu com o ex-governador de São Paulo e naquele momento presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, por defender que o candidato à Presidência da República fosse escolhido em prévias tucanas.
Veja o discurso de Arthur Neto (a partir do momento 2:05)
https://www.facebook.com/Rede45/videos/2272115006370544/?t=7591
Paz com Alckmin
“O PSDB precisa assumir sua identidade reformista com clareza. Não é somente votar a favor da reforma [da previdência], e, sim, comandar o processo de votação dessa reforma. O PSDB precisa sair do armário da prudência e entrar, pra valer, de cabeça e com coragem nas decisões”, disse Arthur.
Dirigindo-se a Alckmin, Arthur propôs que o partido tenha um novo marco com a gestão de Bruno em relação às eleições presidenciais.
“Vamos estabelecer, a partir da presença do Bruno, que nunca mais seja realizada eleição para Presidente da República sem prévias duras, debatidas, disputadas e democráticas, que sensibilizem o país e que mostre ao Brasil que esse é um partido diferente”, afirmou.
Sobre as trocas de nomes e siglas feitas por algumas legendas, Arthur alertou que o PSDB, além de discutir a efetividade da social democracia (que segundo ele, não deu certo em nenhum país do mundo), deveria retomar a bandeira do parlamentarismo.
Tensão e tapas
O discurso do prefeito amazonense foi em meio ao clima de tensão entre a velha guarda tucana e aliados de Dória que marcou a eleição de Araújo em chapa única. Isso aconteceu não porque todos os tucanos concordem com os rumos ditados por Dória, que prega renovação, mas porque caciques fundadores da sigla não conseguiram viabilizar um nome competitivo.
Houve até briga. Dois grupos da juventude do partido, um ligado ao governador paulista e outro ligado e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, trocaram agressões físicas.
A confusão começou quando o grupo de Dória vaiou a nova presidente da juventude tucana, Júlia Jereissati, sobrinha do senador Tasso Jereissati (CE) e representante do grupo opositor.
Até o presidente do PSDB de São Paulo, Marco Vinholi, que foi indicado por Dória, se envolveu no bate-boca.
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Nem à direita, nem à esquerda
Araújo sucede o ex-governador Geraldo Alckmin no comando. O novo presidente do PSDB, assim como Dória, afirma que o partido será de centro – rejeitando o que consideram extrema esquerda e extrema direita.
Ambos, no entanto, colaram suas campanhas no ano passado a Jair Bolsonaro (PSL), para surfar na onda conservadora que elegeu o presidente da República.
Em Pernambuco, Araújo é conhecido como um político tradicional, pragmático e habilidoso nos bastidores.
No ano passado, chegou a elogiar o ex-presidente Lula (PT) classificando o petista, cuja popularidade é alta no Nordeste, de “presidente excepcional”.
Em 2015, ganhou holofote nacional ao proferir o voto que sacramentou, na Câmara, a admissibilidade do impeachment da ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT).
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Arthur e a primeira-dama Beth Valeiko, com o novo presidente nacional, Bruno Araújo
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Fotos: Reprodução/Facebook Arthur Neto e site PSDB