Ato pela Terra no Congresso e STF tem milhares pelo meio ambiente

MobilizaĂ§Ă£o no Congresso e no STF de artistas e ativistas pede a rejeiĂ§Ă£o de projetos que impactam meio ambiente e povos indĂ­genas

Publicado em: 10/03/2022 Ă s 10:00 | Atualizado em: 10/03/2022 Ă s 10:22

Artistas e ativistas foram, ontem (9), ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF) protestar contra cinco projetos, em tramitaĂ§Ă£o, que modificam leis ambientais e impactam povos indĂ­genas.

A mobilizaĂ§Ă£o, classificada como “Ato pela Terra contra o pacote da destruiĂ§Ă£o”, foi liderada pelo cantor e compositor Caetano Veloso.

Dessa maneira, uma carta-manifesto entregue a polĂ­ticos alerta para as propostas consideradas nocivas ao meio ambiente.

O documento lista, portanto, os projetos de lei sobre grilagem de terras, licenciamento ambiental, exploraĂ§Ă£o de terras indĂ­genas, agrotĂ³xicos e marco temporal de terras indĂ­genas.

No encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Caetano Veloso foi incisivo: “O paĂ­s vive, hoje, sua maior encruzilhada ambiental desde a redemocratizaĂ§Ă£o. O desmatamento na AmazĂ´nia saiu do controle, a violĂªncia contra os indĂ­genas e outros povos tradicionais aumentou e as proteções sociais e ambientais, construĂ­das nos Ăºltimos 40 anos, vĂªm sendo solapadas. Nossa credibilidade internacional estĂ¡ arrasada. O prejuĂ­zo Ă© de todos nĂ³s”, enfatizou, no discurso.

O ator LĂ¡zaro Ramos reiterou que as consequĂªncias ambientais da aprovaĂ§Ă£o desses projetos serĂ£o sentidas por toda a populaĂ§Ă£o. “Aqui, foi assumido um compromisso de, ao chegar no Senado, se avaliar com qualidade, porque isso Ă© muito sĂ©rio. Esse Ă© sĂ³ o começo da conversa”, disse. O artista destacou ter fĂ© de que a mobilizaĂ§Ă£o surtirĂ¡ efeito. “Houve palavras e informações muito importantes, e essa sensibilizaĂ§Ă£o Ă© feita, tambĂ©m, com informaĂ§Ă£o”, ressaltou.

O mĂºsico Nando Reis frisou que a presença dos artistas na manifestaĂ§Ă£o Ă© uma forma de pressionar os parlamentares a olharem mais para a sociedade. “É para lembrĂ¡-los de que as consequĂªncias da aprovaĂ§Ă£o desses projetos serĂ£o devastadoras, nĂ£o somente para a minha classe artĂ­stica e para a classe polĂ­tica, mas para todos nĂ³s do Brasil e do mundo”, comentou. “É fundamental que haja dentro do jogo polĂ­tico um freio que impeça essa barbaridade na iminĂªncia de acontecer sob responsabilidade dos senhores e senhoras aqui do Senado. O peso dessa desgraça se abaterĂ¡ sobre vocĂªs, mas serĂ¡ pouco perto do sofrimento desses povos.”

Entre os artistas presentes estavam, tambĂ©m, LetĂ­cia Sabatella, Maria GadĂº, Emicida, Seu Jorge, Mariana Ximenes, Christiane Torloni, Daniela Mercury.

ApĂ³s ouvir as manifestações, Pacheco prometeu que nenhum projeto capaz de estimular a degradaĂ§Ă£o do meio ambiente serĂ¡ pautado no plenĂ¡rio do Senado sem que seja analisado criteriosamente nas comissões temĂ¡ticas da Casa.

Segundo o parlamentar, “se o Brasil se apartar dessa pauta do meio ambiente, estarĂ¡ fadado ao insucesso econĂ´mico”.

Pacheco afirmou que o meio ambiente se tornou preocupaĂ§Ă£o do capitalismo mundial e, hoje, a questĂ£o nĂ£o Ă© mais romantizada pelos paĂ­ses como antes.

“E o Brasil, para sua sobrevivĂªncia como uma grande economia, tem a obrigaĂ§Ă£o de ter a preocupaĂ§Ă£o com o meio ambiente. Esse discurso, antes poĂ©tico, tornou-se, de fato, uma preocupaĂ§Ă£o.”

AmazĂ´nia

Mais cedo, os artistas levaram ao STF outro documento, listando 11 ações pendentes de julgamento sobre o meio ambiente.

No texto entregue à vice-presidente da Corte, ministra Rosa Weber, o grupo destacou haver uma guerra socioambiental, especialmente na Amazônia, que tratora a floresta e os povos indígenas, além de outras comunidades.

A carta enfatiza o grave risco de irreversibilidade, em especial no processo de degradaĂ§Ă£o da regiĂ£o amazĂ´nica.

Os artistas citaram, tambĂ©m, o desmantelamento de Ă³rgĂ£os federais e o nĂºmero de projetos em trĂ¢mite no Congresso.

De acordo com o grupo, o avanço dessas propostas “levarĂ¡ ao acirramento da guerra socioambiental, com quadros irreversĂ­veis de degradaĂ§Ă£o ambiental e de violações de direitos sociais”.

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Foto: ReproduĂ§Ă£o/Twitter