Ao UOL Entrevista desta quarta-feira (25/1), o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, deu atualizações sobre as mudanças previstas para o programa Bolsa Família, que volta à antiga nomenclatura após passar os últimos anos como Auxílio Brasil.
Além de comentar atualizações nos cadastros para incluir mais famílias e retirar pessoas não aptas a receber o benefício, Dias criticou o modelo do crédito consignado do Auxílio Brasil, liberado pelo governo Bolsonaro em outubro — às vésperas da eleição presidencial.
O ministro não esclareceu, porém, se haverá perdão da dívida para beneficiários que não conseguem arcar com o valor contratado — especialmente por causa dos altos juros nessa modalidade.
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“O presidente [Lula] está com um grupo de trabalho para outros endividados”, disse, fazendo referência ao programa Desenrola, articulado pelo Ministério da Fazenda.
Questão dos ianomâmis
O ministro também comentou a questão dos ianomâmis e disse desconfiar que houve intenção de desmantelar o acesso dos indígenas a serviços de saúde e assistência social.
Ele defendeu investigações sobre o caso e citou indícios disso:
Apenas 177 ianomâmis recebiam o antigo Auxílio Brasil dentre mais de 30 mil indígenas na reserva; segundo ele, havia outras pessoas que estariam aptas a receber o benefício
Pelo menos 21 comunicados oficiais chegaram a áreas do governo “pedindo socorro”; não foram tomadas providências
Para Wellington Dias, o governo Bolsonaro “sabia o que poderia acontecer” caso não desse a assistência necessária à região
Se isso chegava ao governo, e se o governo não tomava providência, o que estava em jogo? Eu acho que a investigação vai chegar a algo muito mais sério.”
“Eu sou de um estado onde o extermínio dos povos das origens foi planejado a ponto de um governador reconhecer em lei que não havia mais indígenas no Piauí. Ali [com os ianomâmis], a intenção era de colocar de forma sufocada, sem atendimento, sem atenção a essa população. É isso que estamos encontrando lá em cada visita, cada comunidade.”
Bolsonaro, por outro lado, chamou as acusações de “farsa da esquerda” em um comunicado no Telegram, onde omitiu dados sobre mortes de indígenas ao defender ações feitas em seu governo.
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Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil