Balança comercial do Brasil encerra 2021 com recorde
Para 2022, o governo prevĂª superĂ¡vit de US$ 79,4 bilhões, valor parecido com o deste ano

Publicado em: 03/01/2022 Ă s 17:54 | Atualizado em: 03/01/2022 Ă s 17:54
Beneficiada pela aceleraĂ§Ă£o do preço das commodities (bens primĂ¡rios com cotaĂ§Ă£o internacional), a balança comercial encerrou 2021 com recorde.
No ano passado, o Brasil exportou US$ 61,01 bilhões a mais do que importou, o melhor resultado da sĂ©rie histĂ³rica iniciada em 1989.
O resultado representa crescimento de 21,1% em relaĂ§Ă£o ao superĂ¡vit comercial de US$ 50,39 bilhões registrado em 2020.
Em relaĂ§Ă£o ao recorde anterior, registrado em 2017, houve crescimento de 8,9%. Naquele ano, o Brasil tinha exportado US$ 56,04 bilhões a mais do que tinha importado.
Apesar do recorde, o nĂºmero final ficou abaixo das estimativas do MinistĂ©rio da Economia. A pasta previa que o superĂ¡vit da balança comercial encerraria 2021 em US$ 70,9 bilhões.
O resultado final, no entanto, ficou acima da previsĂ£o do boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, que projetava superĂ¡vit de US$ 59,15 bilhões no ano passado.
No ano passado, as exportações bateram recorde. O Brasil vendeu para o exterior US$ 280,39 bilhões, com alta de 34% em relaĂ§Ă£o a 2020 pelo critĂ©rio da mĂ©dia diĂ¡ria. O recorde anterior havia sido registrado em 2011, quando o paĂs tinha exportado US$ 253,67 bilhões.
Impulsionadas pela recuperaĂ§Ă£o da economia e pela alta do preço internacional do petrĂ³leo, as importações cresceram mais. No ano passado, o Brasil importou US$ 219,39 bilhões, com alta de 38,2% em relaĂ§Ă£o a 2020, tambĂ©m pelo critĂ©rio da mĂ©dia diĂ¡ria. Apesar do crescimento, o valor importado foi o quinto maior da histĂ³ria, sendo superado pelos montantes registrados em 2013 (recorde de US$ 241,5 bilhões), 2014, 2011 e 2012.
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Dezembro
Em dezembro, o saldo da balança comercial ficou positivo em US$ 3,948 bilhões. O superĂ¡vit aumentou 39,3% em relaĂ§Ă£o a dezembro de 2020 pela mĂ©dia diĂ¡ria. Mesmo assim, o resultado estĂ¡ longe do recorde mensal de US$ 5,617 bilhões registrado em dezembro de 2018.
Tanto as exportações como as importações bateram recorde em dezembro. No mĂªs passado, as vendas para o exterior somaram US$ 24,37 bilhões, alta de 26,3% sobre dezembro de 2020 pelo critĂ©rio da mĂ©dia diĂ¡ria. As importações totalizaram US$ 15,749 bilhões, alta de 26% na mesma comparaĂ§Ă£o.
Produtos
Na comparaĂ§Ă£o por produtos, a valorizaĂ§Ă£o das commodities impulsionou as exportações em 2021. No ano passado, o volume de mercadorias embarcadas subiu apenas 3,5% em relaĂ§Ă£o a 2020. Os preços subiram, em mĂ©dia, 28,3% na mesma comparaĂ§Ă£o, com destaque para minĂ©rio de ferro, que ficou 64,9% mais caro; petrĂ³leo bruto (+58,9%) e soja (+30,3%).
Por causa da quebra na safra de milho, afetada pela seca e pelas geadas, as exportações do produto caĂram 27,5% em 2021 na comparaĂ§Ă£o com 2020. A quantidade embarcada caiu 40,6%, enquanto o preço subiu 21,9%. Em relaĂ§Ă£o aos aĂ§Ăºcares e melaços, que tambĂ©m enfrentaram problemas de safra, as exportações subiram 4,8%. A quantidade vendida caiu 11%, mas o preço aumentou 17,7%.
A suspensĂ£o das compras de carne bovina pela China, que vigorou em boa parte do segundo semestre, fez a quantidade vendida cair 7% em 2021. O preço, no entanto, subiu 18,9% em todo o ano passado, fazendo o valor final das exportações registrar alta de 7%.
Estimativa
Para 2022, o governo prevĂª superĂ¡vit de US$ 79,4 bilhões, valor parecido com o deste ano. A estimativa jĂ¡ considera a nova metodologia de cĂ¡lculo da balança comercial. As projeções estĂ£o mais otimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus projeta superĂ¡vit de US$ 55 bilhões neste ano.
Em abril do ano passado, o MinistĂ©rio da Economia mudou o cĂ¡lculo da balança comercial. Entre as principais alterações, estĂ£o a exclusĂ£o de exportações e importações fictĂcias de plataformas de petrĂ³leo.
Nessas operações, plataformas de petrĂ³leo que jamais saĂram do paĂs eram contabilizadas como exportaĂ§Ă£o, ao serem registradas em subsidiĂ¡rias da Petrobras no exterior, e como importaĂ§Ă£o, ao serem registradas no Brasil.
Outras mudanças foram a inclusĂ£o, nas importações, da energia elĂ©trica produzida pela usina de Itaipu e comprada do Paraguai, num total de US$ 1,5 bilhĂ£o por ano, e das compras feitas pelo programa Recof, que concede isenĂ§Ă£o tributĂ¡ria a importações usadas para produĂ§Ă£o de bens que serĂ£o exportados. Toda a sĂ©rie histĂ³rica a partir de 1989 foi revisada com a nova metodologia.
Foto: Marcello Casal Jr/ AgĂªncia Brasil