Bolsonaro fica mudo na PF, mas generais e dono do PL, não

Jair Bolsonaro permanece em silêncio durante depoimento à Polícia Federal, em meio a investigações sobre possível tentativa de golpe de Estado.

Diamantino Junior

Publicado em: 22/02/2024 às 16:27 | Atualizado em: 22/02/2024 às 16:27

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu à sede da Polícia Federal (PF) em Brasília nesta quinta-feira (22/2), porém optou por permanecer em silêncio diante dos investigadores que estão apurando uma suposta tentativa de golpe de Estado.

O advogado Fabio Wajngarten foi quem divulgou a informação de que Bolsonaro não prestou declarações durante a visita, que durou menos de meia hora.

Em entrevista, Wajngarten afirmou que o ex-presidente nunca demonstrou simpatia por qualquer tipo de movimento golpista.

Ele esclareceu que o silêncio de Bolsonaro durante o depoimento não se tratou apenas do exercício do direito constitucional ao silêncio, mas sim de uma estratégia de defesa, considerando que a equipe legal não teve acesso a todos os elementos que embasam as acusações contra o presidente.

Wajngarten destacou que a falta de acesso à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e às mídias obtidas em celulares apreendidos de investigados, impede que a defesa tenha pleno conhecimento sobre os elementos que motivaram o depoimento do presidente.

Em comunicado, a defesa de Bolsonaro reiterou que ele não se recusa a prestar depoimento, mas solicita acesso aos elementos pertinentes para uma adequada defesa. A nota enfatizou que Bolsonaro sempre compareceu perante a autoridade policial quando intimado.

Além de Bolsonaro, outros investigados compareceram à PF para depor, incluindo o ex-ministro e candidato a vice-presidente pelo PL nas eleições de 2022, Walter Souza Braga Netto, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o ex-ministro de Segurança Institucional general Augusto Heleno, o ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência Mário Fernandes, o oficial do Exército Ronald Ferreira de Araújo Junior, e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier.

Segundo informações apuradas pela TV Globo, além de Bolsonaro, também permaneceram em silêncio o general Augusto Heleno, Mario Fernandes, Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira, Braga Netto e Ronald Ferreira Junior. Apenas Anderson Torres teria respondido a questionamentos, de acordo com a GloboNews.

Os depoimentos fazem parte da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF há duas semanas, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado por parte de Bolsonaro e aliados, com o objetivo de manter o presidente no poder e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Parte das investigações envolve uma reunião ministerial realizada em 5 de julho de 2022, na qual Bolsonaro teria orientado ministros a não aguardarem o resultado da eleição para agir. Os advogados de Bolsonaro argumentam que o ex-presidente nunca considerou a possibilidade de um golpe.

A defesa de Bolsonaro já havia informado previamente que ele permaneceria em silêncio durante o depoimento.

Recentemente, os advogados solicitaram acesso duas vezes aos autos da investigação, porém, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não autorizou o acesso a mídias digitais e à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

A defesa voltou a requerer acesso ao conteúdo das mídias nesta quarta-feira, alegando a necessidade de garantir uma defesa justa e equilibrada no processo investigativo.

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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil