Leite condensado, pĂ£o e Rivotril entre gastos de Bolsonaro no cartĂ£o
Segundo o Portal da TransparĂªncia, o uso do cartĂ£o nĂ£o pede a obrigatoriedade de licitaĂ§Ă£o, mas devem seguir "os mesmos princĂpios que regem a AdministraĂ§Ă£o PĂºblica

Publicado em: 23/01/2023 Ă s 15:29 | Atualizado em: 23/01/2023 Ă s 15:29
Nas despesas com alimentaĂ§Ă£o, o cartĂ£o corporativo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi usado para comprar carnes como picanha, caviar, filĂ© mignon e camarĂ£o. TambĂ©m se repetem gastos com leite condensado e nutella.
As notas fiscais foram publicadas nesta segunda-feira (23/1) pela agĂªncia de dados “Fiquem Sabendo”, especializada na LAI (Lei de Acesso Ă InformaĂ§Ă£o). Foram escaneadas cerca de 2,6 mil pĂ¡ginas atĂ© agora, o que representa 20% do total.
A compra de picanha aparece em pelo menos 14 notas fiscais. Em 30 de março de 2019, por exemplo, o cartĂ£o corporativo de Bolsonaro autorizou um gasto de R$ 743,26 em picanha.
As notas fiscais mostram que, na maioria das vezes, era comprada mais de uma peça de carne por vez. Em 20 de fevereiro de 2019, foi feita a compra de duas peças de filé mignon no valor total de R$ 743,90.
O cartĂ£o corporativo da PresidĂªncia tambĂ©m foi usado para compras medicamentos, como o Rivotril, usado para o tratamento de depressĂ£o e ansiedade, e o antidepressivo Lexapro.
AntibiĂ³ticos e remĂ©dios para o tratamento de Ăºlceras gastrointestinais tambĂ©m aparecem entre os gastos.
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HĂ¡ duas semanas, as planilhas dos gastos do cartĂ£o corporativo de Bolsonaro se tornaram pĂºblicas, mas as notas fiscais, com o descritivo do que foi comprado, nĂ£o estava disponĂvel. Entre 2019 e 2022, o ex-presidente gastou R$ 27,6 milhões.
Entre os destaques, estĂ£o os gastos com hospedagem, a maior fatia do que foi comprado com o cartĂ£o.
No total, foram R$ 13,7 milhões com hotéis
Somente no Ferraretto Hotel, no GuarujĂ¡, cidade do litoral paulista, foi pago R$ 1,4 milhĂ£o
Na alimentaĂ§Ă£o, outra parcela significativa nos gastos gerais do cartĂ£o — R$ 10,2 milhões —, se destacam:
Os R$ 8.600 gastos em sorveterias
Cerca de R$ 408 mil em peixarias
Em padarias, Bolsonaro gastou R$ 581 mil ao longo do mandato
O que diz o decreto que regulamenta o uso dos cartões corporativos pelo governo federal?
O cartĂ£o deve ser utilizado para “pagamento das despesas realizadas com compra de material e prestaĂ§Ă£o de serviços, nos estritos termos da legislaĂ§Ă£o vigente”
Segundo o Portal da TransparĂªncia, o uso do cartĂ£o nĂ£o pede a obrigatoriedade de licitaĂ§Ă£o, mas devem seguir “os mesmos princĂpios que regem a AdministraĂ§Ă£o PĂºblica – legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiĂªncia, bem como o princĂpio da isonomia e da aquisiĂ§Ă£o mais vantajosa”
Dessa forma, nĂ£o Ă© ilegal utilizar o cartĂ£o corporativo para comprar itens de alimentaĂ§Ă£o — incluindo sorvetes.
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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/AgĂªncia Brasil