Bolsonaro chamou chefes de Abin e GSI para anular caso das rachadinhas

De acordo com a revista 'Época', advogadas se reuniram com presidente, ministro e chefe da Abin para apresentar documentos que provariam supostas ações na Receita para prejudicar senador

Bolsonaro chamou chefes de Abin e GSI para anular caso das rachadinhas

Mariane Veiga

Publicado em: 24/10/2020 às 15:48 | Atualizado em: 24/10/2020 às 18:33

A pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), órgãos do governo se mobilizaram em busca de elementos que permitissem a anulação das investigações envolvendo Fabrício Queiroz, ex-assessor do parlamentar.

Conforme reportagem da revista “Época”, o presidente Jair Bolsonaro conversou, em 25 de agosto, no Planalto, com as advogadas de Flávio, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach.

Segundo a revista, Jair Bolsonaro convocou para o encontro o ministro Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Alexandre Ramagem, diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A reportagem relata ainda que as advogadas afirmaram na conversa ter descoberto a chave para derrubar o caso Queiroz na Justiça.

Desse modo, por meio de documentos que, na visão delas, provariam a existência de uma organização criminosa instalada na Receita Federal.

Portanto, o órgão é responsável por levantar relatórios de inteligência do antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), atualmente chamado de Unidade de Inteligência Financeira.

 

Leia mais

Bolsonaro acorda Pazuello para fazer live e mostrar quem manda

 

Um desses relatórios revelou o esquema que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), teria a participação de Flávio Bolsonaro, filho do presidente.

De acordo com o MPF, houve desvio de dinheiro público na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro por meio das “rachadinhas”, a prática de parlamentares de pegar de volta parte do salário dos funcionários.

No gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, o esquema, segundo o Ministério Público, era administrado por Fabricio Queiroz.

O encontro no Planalto com as advogadas de Flávio Bolsonaro não constou da agenda oficial do presidente ou do ministro Augusto Heleno, mas foi confirmado por elas à revista “Época”.

Segundo a reportagem, o chefe do GSI e o diretor da Abin saíram do encontro com a missão de, em nome da segurança da família presidencial, checar se o roteiro narrado pela defesa de Flávio Bolsonaro se sustentava.

E, o mais importante: conseguir um documento que comprovasse que o senador foi vítima de uma devassa ilegal por integrantes da inteligência da Receita. No entanto, não conseguiram a prova, de acordo com a “Época”.

Leia mais no G1.

 

 

Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República