O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) apresentou, nesta terça-feira (04), à CPI da covid do Senado uma carta em que alertava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o crescimento dos riscos do coronavírus ainda durante a sua gestão no comando da pasta.
Ele foi demitido do cargo em abril de 2020.
No documento, obtido pela Folha e com a data de 28 de março do ano passado, Mandetta “recomenda expressamente” ao presidente que reveja o posicionamento adotado, acompanhando as recomendações do Ministério da Saúde, “uma vez que a adoção de medidas em sentido contrário poderá gerar colapso do sistema de saúde e gravíssimas consequências à saúde da população”.
Mandetta diz ainda que “em que pese todo esforço empreendido por esta pasta para proteção da saúde da população e, via de consequência, preservação de vidas no contexto da resposta à epidemia da covid-19, as orientações e recomendações não receberam apoio deste governo federal, embora tenham sido embasadas por especialistas e autoridades em saúde”.
Nesta terça-feira (03), primeiro dia de depoimentos na CPI da covid, Mandetta afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contrariou orientações do Ministério da Saúde baseadas na ciência para o combate à pandemia do coronavírus.
Leia mais
Avaliou também que o mandatário adotou discurso negacionista que pode ter contribuído para espalhar mais rapidamente a covid-19.
As declarações de Mandetta à comissão, foram consideradas “relevantes” pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), e servirá para que ele verifique indícios de cometimento de crimes por parte de Bolsonaro.
A intenção dos senadores ao interrogar Mandetta foi traçar uma linha do tempo — já que ele chefiou a pasta logo no início da pandemia— e verificar quais foram as interferências de Bolsonaro nas medidas para enfrentar o vírus.
Leia mais na Folha
Foto: Reprodução/ TV Senado