Com a volta de Lula, WhatsApp bolsonarista inicia ataques
No dia 8, uma decisĂ£o do ministro Edson Fachin, do STF, anulou todas as condenações de Lula na OperaĂ§Ă£o Lava Jato, restabelecendo seus direitos polĂticos e tornando-o elegĂvel

Publicado em: 23/03/2021 Ă s 16:47 | Atualizado em: 23/03/2021 Ă s 16:47
Pedidos de intervenĂ§Ă£o militar com Bolsonaro no poder. Petições para destituir membros do STF. Textos de generais ameaçando as instituições. Xingamentos de toda sorte ao ex-presidente Lula e documentĂ¡rio amador acusando-o de roubar R$ 300 bilhões.
Esses sĂ£o exemplos do que foi discutido em grupos bolsonaristas de WhatsApp entre os dias 8 e 15 de março.
No dia 8, uma decisĂ£o do ministro Edson Fachin, do STF, anulou todas as condenações de Lula na OperaĂ§Ă£o Lava Jato, restabelecendo seus direitos polĂticos e tornando-o elegĂvel.
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Essa aĂ§Ă£o, por sua vez, reverberou de forma extremamente negativa no cĂrculo digital do presidente Jair Bolsonaro. Nesse perĂodo, cerca de 300 mensagens por dia foram veiculadas em trĂªs grupos prĂ³-Bolsonaro no app de mensagens (“Aliança pelo Brasil”, “Muda Brasil” e “Respeite a bandeira”). Entre elas, foi observada a existĂªncia de muitas fake news, conteĂºdos com exageros e imprecisões e matĂ©rias jornalĂsticas baseadas em fatos reais, porĂ©m descontextualizadas. Em menor quantidade, tambĂ©m foi possĂvel verificar crĂticas embasadas na realidade, utilizando editoriais e matĂ©rias de veĂculos jornalĂsticos.
Tudo isso teve como fontes desde sites de notĂcias, alguns tradicionais e outros de credibilidade duvidosa, atĂ© perfis de redes sociais de polĂticos e figuras pĂºblicas, passando por canais de YouTube e pĂ¡ginas de Facebook.
STF e a conspiraĂ§Ă£o global O Supremo e Lula foram os principais alvos de ataques. Uma petiĂ§Ă£o pedindo a convocaĂ§Ă£o de plebiscito para retirar todos os ministros do STF e colocar juĂzes concursados no lugar, que conta com mais de 460 mil assinaturas, e vĂdeos mostrando uma manifestaĂ§Ă£o de pessoas e buzinaço de carros em frente ao prĂ©dio em Curitiba onde mora o ministro Fachin estĂ£o entre os conteĂºdos mais disseminados.
Links para sites de notĂcias prĂ³-Bolsonaro como o “Folha da PolĂtica”, que nĂ£o possui matĂ©rias assinadas e nĂ£o informa quem sĂ£o os responsĂ¡veis pelo seu conteĂºdo, ressaltam, por exemplo, o fato de sete dos onze ministros da Suprema Corte terem sido indicados pelo PT.
Um elemento central presente nessas comunidades, verificĂ¡vel tambĂ©m em redes sociais de grupos extremistas ao redor do mundo, Ă© a disseminaĂ§Ă£o de teorias da conspiraĂ§Ă£o.
Postagens afirmando que existiria um “grande AcĂ³rdĂ£o para sabotar o governo em plena pandemia” (sic) viralizaram.
O texto, de autoria desconhecida, defende que polĂticos como Lula, FHC, Ciro Gomes, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre fariam parte de um plano, em conjunto com ministros do STF e “todos os abutres desse pais”, para derrubar o governo Bolsonaro acusando-o de querer implantar uma ditadura no Brasil.
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Foto: Jair Bolsonaro Foto: Alan Santos/PR