CPI da covid descobre caminho para rastrear 20 milhões da Covaxin

Cúpula da CPI da covid tem um caminho promissor para a investigação de suposto favorecimento por parte do governo à Precisa Medicamentos

CPI da covid descobre caminho para rastrear 20 milhões da Covaxin

Diamantino Junior

Publicado em: 09/07/2021 às 11:14 | Atualizado em: 09/07/2021 às 11:20

A história a seguir se divide em quatro atos e é considerada pela cúpula da CPI da covid um caminho promissor para a investigação de suposto favorecimento por parte do governo à Precisa Medicamentos, empresa que intermediou a venda de 20 milhões de doses da vacina Covaxin ao Ministério da Saúde.

Em 23 de dezembro do ano passado, 11 técnicos dos ministérios da Saúde, da Economia, das Relações Exteriores e da Casa Civil se reuniram para discutir se deveria ser fixada em lei a criação de um seguro para eventuais efeitos adversos provocados por vacinas contra o novo coronavírus.

O seguro havia sido exigido pela Pfizer e pela Janssen, que não aceitavam ter de assumir possíveis indenizações a pacientes em caso de danos colaterais provocados pelos seus imunizantes.

Após muito debate, os 11 técnicos — entre eles, o então secretário-­executivo da Saúde, Elcio Franco — elaboraram a minuta de uma medida provisória (MP) que previa expressamente o seguro e, assim, tinha potencial para destravar as negociações com as duas farmacêuticas, acusadas pelo presidente Jair Bolsonaro de tentar impor cláusulas leoninas.

Naquele dia, o Brasil já tinha ultrapassado 190 000 mortes em decorrência do vírus.

No dia 3 de janeiro, um voo fretado decolou do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, rumo a Nova Délhi, na Índia.

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A bordo, entre outros passageiros, dois cônsules e o empresário Francisco Emerson Maximiano, dono da Precisa Medicamentos.

Após uma escala em Doha, no Catar, o grupo desembarcou na capital indiana, para aquela que seria a primeira de duas reuniões em que Maximiano atuaria in loco para viabilizar o contrato de importação da Covaxin, que só seria formalizado em 25 de fevereiro.

Em 6 de janeiro, a MP foi publicada e — ao contrário do que ficara acordado entre os técnicos dos quatro ministérios que se reuniram em dezembro — o trecho que previa o seguro para indenizações contra danos adversos havia sumido sem maiores explicações. Uma surpresa ruim para a Pfizer e a Janssen, mas excelente para o dono da Precisa.

Segundo a CPI, no mesmo dia, Maximiano e sua comitiva, ainda na Índia, reuniram-se com o embaixador do Brasil no país, André Aranha Corrêa do Lago, e expuseram seus planos, registrados posteriormente em telegramas diplomáticos.

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Foto: Revistaoeste.com