Criticada por Bolsonaro, Venezuela dá lucro ao agronegócio do Brasil
As exportações ganharam um novo ritmo desde o ano passado

Publicado em: 15/08/2022 às 11:56 | Atualizado em: 15/08/2022 às 12:02
Os produtores agrícolas brasileiros voltam a exportar alimentos para a Venezuela, apesar de uma postura do governo de Jair Bolsonaro (PL) de rejeição qualquer aproximação com o país vizinho e até mesmo uma tentativa deliberada de cortar relações diplomáticas e comerciais com Caracas.
Dados oficiais do Ministério da Economia revelam que, depois de uma contração profunda nas vendas brasileiras para o mercado venezuelano, as exportações ganharam um novo ritmo desde o ano passado.
O volume é ainda uma fração do que o Brasil chegou a exportar em 2012, quando o fluxo superou a marca de US$ 5 bilhões.
Naquele momento, o mercado venezuelano era o oitavo maior destino de vendas nacionais e a contração de exportações. Em 2019, representou um retrocesso de 23 anos.
A crise profunda no país, a falta de garantias de crédito, as sanções impostas pelo governo de Donald Trump e a decisão de Jair Bolsonaro de não reconhecer o governo de Nicolas Maduro fizeram com que os valores desabassem.
Em 2016, o Brasil tinha exportado US$ 1,6 bilhão. Mas, em 2019, no primeiro ano do atual presidente brasileiro no poder, o volume caiu para apenas US$ 420 milhões.
Foi a partir de 2021 que o fluxo ganhou novo ritmo. No ano passado, o Brasil voltou a exportar uma vez mais acima de US$ 1 bilhão para o mercado venezuelano. Em 2022, esse montante deve ser amplamente superado. Até junho, o país já havia exportado mais de US$ 713 milhões.
Foram os alimentos e produtos agrícolas que puxaram a alta. As vendas de óleo de soja brasileiro passaram de meros US$ 29 milhões no início do governo Bolsonaro para US$ 189 milhões no ano passado. Até julho, mais de US$ 120 milhões já foram vendidos.
Preparações alimentícias saltaram de US$ 4 milhões para US$ 75 milhões no mesmo período, enquanto enchidos de carne passaram de uma exportação inexistente para US$ 54 milhões.
Um dos casos que mais ilustram a volta do comércio com a Venezuela de Maduro é o do açúcar. As vendas chegavam a US$ 120 milhões antes do governo Bolsonaro. Mas caíram para apenas US$ 19 milhões. Em apenas sete meses, elas já somam US$ 48 milhões.
Saltos impressionantes também foram registrados no comércio do milho, margarina e até bolachas brasileiras.
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Foto: Divulgação