O presidente socialista da Venezuela, Nicolás Maduro, decidiu adotar medidas da economia livre para tirar o país do caos com a inflação chegando aos 800% ao ano. No momento, a inflação navega na média mensal de 3%.
Desde 2013 mais de 6 milhões de venezuelanos abandonarem o país por falta de comida, desemprego e elevado custo de vida, conforme publicação da BBC News, reproduzida por G1 (na foto, venezuelanos em Manaus, AM ).
Em 2016, quando a economia da Venezuela caía 18,6%, e a inflação batia todos os recordes, chegando perto de 800%, Fátima Camacho foi um dos milhões de venezuelanos que empacotaram suas vidas e partiram para o exterior.
Naquela época, a fome, o desemprego, o alto custo de vida e o salário mínimo baixo, que era insuficiente para pagar até uma cesta básica, impulsionaram muitos a buscar uma vida melhor em outros países da América do Sul e do mundo.
De volta para casa
Ainda que muitos destes problemas permaneçam para a imensa maioria, em abril passado, Camacho, de 31 anos, decidiu que era o momento de retornar ao seu país.
Ela voltou a empacotar tudo o que tinha e pegou novamente a estrada que a havia levado ao Peru seis anos antes.
Mas, desta vez, se mudou com o filho de três anos para Maturín, no leste da Venezuela.
“O isolamento que vivemos em Lima afetou muito o meu filho. Tivemos que levá-lo para fazer várias terapias. Culturalmente, também nunca conseguimos nos adaptar ao Peru”, explica a jovem em entrevista à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC.
Fátima Camacho, voltando para casa Foto: arquivo pessoal
“Além disso, ouvi dizer que a economia melhorou um pouco e queria passar mais tempo com a minha família. Quero que meu filho desfrute do contato com ela”, acrescentou.
Camacho é parte de um novo fenômeno que se faz cada vez mais visível em todas as cidades venezuelanas: o retorno de emigrantes que haviam deixado a Venezuela para viver, em sua maioria, em outros países da América do Sul.
Apesar dos familiares de Camacho dizerem que a situação está “mais estável”, ela foi precavida: “Deixei meu marido em Lima. Não nos arriscamos a vir os dois, porque não tínhamos certeza de que as coisas estavam boas.”
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Sinais de recuperação
A grave crise econômica que afeta a Venezuela desde 2013 e que levou mais de 6 milhões de venezuelanos a abandonarem o país, parece ter chegado a um limite, segundo especialistas.
De fato, faz alguns meses que a economia venezuelana mostra alguns sinais de recuperação.
Em março, o país sul-americano registrou uma taxa mensal de inflação de 1,4%, a mais baixa desde setembro de 2012.
Em abril, subiu para 4,4%, mesmo assim bem abaixo dos 24,6% registrados em abril de 2021.
Além disso, a produção de petróleo, principal fonte de riqueza do país, começou a aumentar no final do ano passado, depois de alcançar um mínimo histórico em 2020, quando caiu para 434 mil barris por dia.
Em dezembro do ano passado, a Venezuela produziu 718 mil barris por dia e, desde então, a produção se mantém pouco abaixo dos 700 mil barris.
Ainda que esta quantidade ainda seja muito pequena para um país que produzia mais de 3 milhões de barris por dia em 1998, e que tem as maiores reservas de petróleo bruto do mundo, ela quase duplicou em comparação com a queda histórica de 2020.
Dados otimistas
A Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) prevê que neste ano a Venezuela será um dos países que mais vão crescer na região.
A previsão é de crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB). O Fundo Monetário Internacional, por outro lado, prevê um crescimento mais modesto da Venezuela: 1,5%.
O economista venezuelano Luis Vicente León explica que é uma melhora “sobre uma pequena parte do que costumava ser” a economia venezuelana.
Ele avalia que as sanções impostas pelos Estados Unidos e o isolamento do governo obrigaram o presidente Nicolás Maduro a aceitar uma abertura econômica.
“A pressão e a perda de controle do governo sobre a economia o obrigaram a permitir uma dolarização de fato da economia e também levou a processos de abertura de preços e de menor hostilidade com o setor privado”, diz León, que também é presidente da consultoria Datanálisis.
“A economia segue sendo pequena, mas está em melhor condição que há dois anos.
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Foto: Karla Vieira/Semcom