Pergunta de 1 bilhão de dólares (ou muito mais) que teima em ser feita: os irmãos Miranda, o deputado federal do DEM Luis Miranda, e o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo, gravaram ou não a conversa que tiveram com o presidente Jair Bolsonaro em 20 de março último no Palácio da Alvorada?
Durante semanas, Miranda, o deputado, tentou, em vão, reunir-se com o presidente. Só conseguiu naquele sábado depois que disse a um auxiliar de Bolsonaro possuir documentos capazes de derrubar o governo.
O resto é história conhecida. Só não se sabe, e o deputado faz mistério a respeito, é se a conversa foi gravada.
Em entrevistas concedidas ontem, Miranda insinuou que pode haver gravação da conversa. Numa delas chegou a dizer:
“Não estamos mentindo e não há por que mentir, mas se forçar demais a gente certamente tem como mostrar a verdade e de um jeito que vai ficar muito ruim para o presidente. Ele sabe a verdade”.
Pode ser blefe de um deputado com uma longa folha corrida de processos. Mas se não for? Bolsonaro vai pagar para ver? Miranda é esperto, com apurado senso de timing. Em depoimento à CPI da covid, primeiro negou-se a dar o nome citado por Bolsonaro como implicado na compra superfaturada da vacina Coaxim.
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Os senadores passaram o resto do tempo cobrando para que desse o nome, e ele respondia, sem convencer, que o esquecera.
Pressionado por último pela senadora Simone Tebet (MDB-MS), cedeu e revelou: Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara dos Deputados. Convenhamos: foi um “grand finale”!
Se não existir gravação, Miranda se protege só por sugerir que ela existe, e protege seu irmão, servidor público concursado. Se existir, o destino de Bolsonaro está em suas mãos.
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Foto: Alan Santos/PR