O desmatamento nos nove estados da Amazônia Legal atingiu uma área de 10.129 km².
Esses dados compreendem agosto de 2018 e julho de 2019, de acordo com os informe divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta terça-feira (09).
É o maior índice de área desflorestada desde o intervalo entre agosto de 2007 e julho de 2008, quando foram derrubados 12.911 km² de floresta.
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Os índices são averiguados pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que é considerado o mais preciso no mapeamento das áreas desflorestadas.
Sua métrica, conhecida como o “calendário do desmatamento”, abrange o período entre 1º de agosto de um ano a 31 de julho do ano seguinte.
A devastação da Amazônia cresceu 29,5% de agosto de 2018 a julho de 2019.
Foi a taxa mais alta da última década.
Inicialmente o Inpe calculou que 9.762 km² foram devastados.
Agora, refez as contas e chegou a um valor 3,7% maior, superando a marca de 10 mil km².
Ministério avalia
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o alto índice de desmatamento deve ser atribuído a atividades econômicas como garimpo, extração de madeira e ocupação do solo de maneira ilegal.
Quatro estados foram responsáveis por 84,5% de toda a devastação observada nos últimos dois anos. O Pará lidera o ranking do desmatamento (4.172km², ou 41,1% de toda a área destruída), seguido por Mato Grosso (16,8%), Amazonas (14,1%) e Rondônia (12,4%).
Desde o ano passado, o governo do presidente Jair Bolsonaro é acusado de desmontar o Ministério do Meio Ambiente, dando espaço para atividades ilegais na floresta.
Em reunião ministerial em 22 de abril, o titular da pasta, Ricardo Salles, afirmou que, com a imprensa voltada ao noticiário sobre o coronavírus, o governo deveria aproveitar o momento para “passar a boiada”, aprovando “reformas infralegais”.
Em abril, Salles demitiu o diretor de fiscalização ambiental do Ibama, que mostrou a uma reportagem do “Fantástico” uma operação contra o garimpo ilegal em terras indígenas no Pará.
Dois coordenadores do mesmo setor da autarquia foram exonerados em seguida.
A ONG Human Rights Watch acusou em seguida o governo federal de sabotar ações do órgão, já que o pagamento de multas por desmatamento ilegal está suspenso desde outubro de 2019.
O vice-presidente Hamilton Mourão está em negociações para retomar o financiamento do Fundo Amazônia, interrompido no ano passado.
Segundo ele, o comitê orientador do fundo, desmantelado após ter a gestão questionada por Salles, será recriado.
A Alemanha e a Noruega, responsáveis por mais de 99% das doações do fundo, discordaram da análise do ministro e cancelaram novos repasses à iniciativa, que rendeu R$ 3,4 bilhões ao país desde 2008.
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Foto: BNC Amazonas